quinta-feira, dezembro 27, 2007

Cair e Levantar.

Se tem uma coisa que eu tenho certeza é de que a vida é feita de decisões. As pessoas que prosperam, que tem uma vida mais feliz, que se tornam mais fortes, são aquelas que compreendem que tomar decisões não é algo fácil, mas nem por isso deixam de tomá-las, de agir. Nós somos confrontados com pequenas situações que requerem uma decisão o tempo inteiro, e por mais que queiramos, às vezes, nos refugiar de tudo e nos esconder, o mundo continua girando lá fora da sua janela. O tempo passa, as pessoas passam, a vida passa, e você passa por ela como um espectro, sem tocar em nada e sem ser tocado por nada. E eu não consigo pensar em coisa mais triste que essa.

Eu acredito que você pode ter tudo aquilo que você pode ter. E pode perder, também, na mesma medida, tudo aquilo que você pode perder. Não existe nada que não possa ser perdido, e não existe nada que não possa ser alcançado. Tudo depende da forma como você toma suas decisões. É óbvio que, pra ter o que você quer ter, fazer o que você quer fazer e ser quem você quer ser é preciso lutar. A realidade é que a vida só é fácil pra um punhado pequeno de pessoas, e por mais privilegiado que você seja, ou por mais problemas que você tenha, boa parte das outras pessoas do planeta vão ter problemas semelhantes, não maiores, nem menores, iguais.

Lutar pelo que você quer, pelo que você ama, quer dizer justamente que você precisa batalhar, confrontar os problemas, sangrar, se machucar e as vezes até machucar alguma outra pessoa pra conseguir. Faz parte. Nós aprendemos uma lição muito importante desde pequeno e que boa parte das pessoas acabam ignorando, o ato de levantar. Cair, e levantar. Cair, e levantar. Sempre que as coisas ruins interferirem no seu trajeto e te derrubarem, não importa quais sejam, você tem o direito de se levantar. Você também tem o direito de, em algumas partes da sua vida, cair, chorar, e achar que tudo está perdido – mas você tem que saber que a hora que quiser pode se levantar. Que só depende de você.

O mundo não é um lugar bacana, ele não passa a mão na sua cabeça e diz que tudo vai ficar bem, quem precisa ter forças pra seguir a diante, brigar pra alcançar seus objetivos, e ser feliz, é você. E não importa o quanto as pessoas ao seu redor te amem, e o quanto você seja especial para elas, tudo o que elas podem fazer é te mostrar o caminho que acham mais bacana, mas é você que deve escolher percorrê-lo ou não. E saber as consequências de ter tomado essa decisão. Saber o que você perde, e o que você ganha.

O único dever que você tem é de se esforçar ao máximo para tomar as decisões certas. As decisões que vão te fazer feliz, e não as mais fáceis e cômodas. É só isso que a vida, e as pessoas ao seu redor, esperam (e cobram) que faça. No mais, não importa muito, mas as coisas tendem a ficar razoávelmente bem no final. De um jeito ou de outro.

sábado, dezembro 22, 2007

Novo Conto

O brilho avermelhado da pequena chama redonda brilhava longe na noite cálida. Toda vez que ele tragava o cigarro, e soltava a fumaça no ar displicentemente, fechava os olhos firmemente, franzindo todo o cenho, como se fosse a ultima vez que a nicotina tomaria conta de seus pulmões. Quando abriu os olhos novamente, olhou ao seu redor, como se tentasse situar a sua posição no ambiente.

Era um prédio alto, e ele sabia que uma queda significaria a morte. O terraço, se é que podia ser chamado assim, estava coberto de neve – não branca e limpa, mas cinzenta e suja da fuligem que escapava das chaminés próximas. Não tinha frio, estava bem protegido para alguém em uma situação limite como a dele, o sobretudo longo de couro sintético era abrigo suficiente, embora deixasse de ser assim que a neve decidisse cair novamente. Não se preocupava, no entanto, com a volta da neve. Não estaria mais ali quando acontecesse.

Baixou o cigarro dos lábios róseos e caminhou até a borda do terraço, desprotegida e escorregadia, com um sorriso mórbido na face. Equilibrou-se, pendeu o corpo para frente e observou a queda. Depois, varreu com o olhar a rua à frente, o prédio do outro lado da rua e todo o movimento. Tinha certeza que a vida das pessoas lá embaixo iria mudar drásticamente em alguns segundos – chocaria-as com doses cavalares de realidade, invadiria, com um único gesto, a sua intimidade inviolável.

O silêncio que idealizava em sua mente foi interrompido pela Cavalgada das Valkírias, irrompendo de um dos bolsos internos do sobretudo. Suspirou, irritado, e tirou um pequeno aparelho celular, abrindo o flip e levando até a orelha. Mantinha-se equilibrado na borda com displicência.

- Sim?

A voz do outro lado era conhecida, doce, preocupada, feminina. Ele sabia quem era antes mesmo de atender – vantagens da telefonia moderna -, porém, manteve-se seco e frio, o que causou breve pausa em sua interlocutora.

- Fred? Onde você está? Como você tá? Tá tudo bem?

Uma avalanche de perguntas que ele não queria responder.

- Perdão, Milla. Mas não posso falar com você agora, estou ocupado.

Mentira.


- Ocupado com o quê? Esqueceu que iámos jantar!? Eu te esperei até agora... passei no seu apartamento, você não estava lá. Onde você está? Preciso te ver... temos que conversar!

O tom de voz da mulher tornou-se choroso, carregado de uma preocupação afetuosa.

- Desculpe, pequena. Perdão, mas não nos veremos mais. É hora de dizer adeus. – Ele caminhou pela borda do prédio até chegar à um dos vértices, o que dava melhor visão da calçada e da rua, mais próximo à mesma, o lugar ideal para sua despedida.

Ela soltou uma exclamação de terror.

- Como assim, adeus? Onde você está? Não... Fred, não vai fazer nada idiota, eu posso te ajudar, você não precisa fugir de mim.

Ele riu baixo.

- É tarde de mais para me ajudar. O que tem que ser, tem que ser. Talvez em outra vida, pequena... quem sabe? Tenho certeza que nos veremos em outro lugar, um dia desses, quando tudo for diferente.

- Fred? Fred... não... por favor... não...

Ele baixou a cabeça, ainda segurando o celular junto à orelha, coberta pelos cabelos negros e pouco mais compridos que o natural. Os olhos azuis fixaram-se no chão.

- Sinto muito.

Ele ergueu os olhos, as pupilas levemente dilatadas e assumiu uma faceta resoluta. Colocou o celular no chão, ao lado do seu pé e agaixou-se, jogou a bituca de cigarro para baixo, retirou de dentro de uma armação de metal ocultada no sobretudo um rifle de precisão. Manuseou-o com habilidade e em poucos segundos já havia disparado. O som demorou mais do que a bala para alcançar seu objetivo.

Antes que Milla pudesse terminar de falar “Eu te am...” a bala do rifle atravessou sua cabeça e seu corpo, inerte, foi jogado para trás, tombando, morto. A bala entrou fina, mas saiu em um enorme buraco, espirrando sangue na porta do prédio à suas costas, do outro lado da rua de onde Fred disparou. O prédio onde ele morava, e onde sabia que ela iria procurá-lo.

Jogou a arma de lado, recolheu o celular do chão e chamou um número da memória do aparelho. Uma voz masculina atendeu.

- Está feito. A mulher está morta.

Desligou, caminhou até a escada, no caminho recolhendo a sua mala de viagens que ali deixara apoiada, e partiu.

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PS:

O conto não tem nome, aceito sugestões. Curtinho. Pensei nisso agora a pouco quando fui tomar água. Fazia tempo que não escrevia um continho.

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Boas festas!

Eu sempre achei as festas de fim ano meio tristes.

Quer dizer, não tenho nada contra o Natal. Eu não sou um grande entusiasta de luzinhas brilhantes e gente se abraçando, mas, eu até acho uma tradição bacana. Gosto da idéia de ter uma árvore de verdade em casa enfeitada e de ganhar presentes. Além do mais, gosto também do conceito do Papai Noel, acreditei nele por bons anos. Mas eu tenho consciência de que sou privilegiado – quando eu era mais novo, meu pai costumava juntar os brinquedos mais antigos, roupas, e todo o tipo de objetos que não usaríamos mais e fazia pequenos kits, depois levava eu e meus irmãos para entregar para crianças carentes e pessoas de rua. É meio escroto, mas não passa um Natal que eu não fique, obviamente, feliz por ser um privilegiado e ter os parentes que eu tenho, e que não fique, também, com um pouco de vergonha por ter tudo o que eu tenho quando muita gente não tem nada.

E, o pior, logo depois do Natal vem o “ano novo”.

Não acredito muito em “ano novo”, nunca acreditei. Essa coisa toda de tempo é muito subjetiva. Eu sempre achei que o ano não vira realmente no dia 31 de Dezembro, e sim no dia do seu aniversário. É ali que você se despede de um ano inteiro e entra em um ano novo, pessoal e intransferível, ao invés desse ano novo coletivo.

Além do mais, eu nunca fui alguém que apoiasse essas “resoluções de ano novo”, em que você promete que ano que vem vai ser uma pessoa melhor, emagrecer 30kgs, encontrar um novo emprego, conhecer a Scarlet Johanson e doar metade do seu salário para instituições de caridade. Eu também odeio me vestir de branco. Pra mim, a vida não é feita de futuros. Eu nunca fui alguém que planejasse o amanhã e não gosto de viver para o que pode acontecer, pra mim, a vida é feita de passados. São os momentos que você já viveu que fazem você ser quem você é, as suas experiências boas e ruins, a sua história.

Comemorar o “Ano que Está Por Vir” é uma tradição que eu não consigo manter, eu não quero celebrar o desconhecido, eu amo o que eu sou. Quero comemorar o ano que eu vivi, o ano que eu passei e tudo que ele me trouxe de bom ou ruim, e as memórias que me marcaram mais. Essas são as coisas realmente importantes e que valem a pena serem celebradas com champagne e areia entre os dedos do pé. As vezes eu vejo as pessoas comemorando com certo alívio a passagem do ano, difícil, como todo ano normalmente é, e depositando todas as suas esperanças no que está por vir. Isso, pra mim, é besteira. Temos que viver cada dia como um dia especial e único, e é isso que vai compor a sua vida, e não a esperança de dias melhores.

Mas meus problemas com o ano novo vão ainda além. O ano novo é o dia mais triste do ano, pra mim. É o dia que me sinto mais fraco, mais deprimido e mais carente. A proximidade de qualquer “encerramento” que seja causa reflexão, e eu, como pessimista que sou, acabo refletindo sempre sobre os meus maiores erros, sobre tudo o que eu poderia ter feito diferente, sobre as oportunidades que eu deixei passar. Eu normalmente não costumo pensar nessas coisas, nunca, a não ser nesse dia específico. Algumas poucas horas em que me dou o direito de não ser feliz. O mais engraçado é que sempre foi assim, não é algum cacoete que eu desenvolvi ficando mais velho, é um sentimento que sempre me acompanhou, uma “tradição” bizarra. É por isso, que na maioria das vezes, quando me chamam pra viajar no ano novo, fazer alguma coisa bacana e diferente, sair, eu fico com o pé atrás. Eu sei que não vou ser uma boa companhia.

Enfim, no estilo Charlie, deixo aqui minhas cinco memórias mais importantes de 2007:


5º - O fim de semana que filmei meu primeiro curta-metragem.

4º - Jogo de futebol lotado na casa do Balder.

3º - Karaokê com as meninas.

2º - O dia que minha bisavó morreu.

1º - A primeira vez que fiquei com ela.

Eu sempre achei as festas de fim de ano meio tristes, mas pro ano que vem, prometo escrever um livro. Boas festas para todos. =)

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PS:

Dia 14 de Dezembro esse blog completou 1 ano de idade, com, eu calculo, 45 postagens no total. Uma média de 1 post a cada 8 dias; e 2540 visitas (desde que coloquei o contador), dando em média 56 visitas por post, que, por sinal, é a média de visitantes de retorno que o google analytics me dá.

Acho bacana. Parabéns pra quem lê. Ou tenta.


Ah, e parabéns pra minha bolinha gaúcha favorita que ficou fazendo drama pra eu dar feliz aniversário pra ele. Abraço, Diego Lorgordinho ;P Promessa de ano novo que vou de novo praí esse ano.


quinta-feira, dezembro 06, 2007

Três Telefonemas e uma mente Difusa

Eu nunca atendo o telefone de casa.

O que isso quer dizer? Que eu nunca atendo o telefone de casa, ué. Não adianta ligar pro meu telefone esperando que eu atenda, não vai acontecer. Existem quatro pessoas que moram no mesmo recinto e que tem disponibilidade similar pra atender, e, além disso, ninguém nunca liga pra mim em casa. Quando eu digo que ninguém nunca telefona pra mim em casa, eu estou obviamente, tomando como base a vida telefônica do membro mais importante da minha família, o Skol, que recebe ao menos o dobro de telefonemas residentes do que eu e isso porque ele sequer consegue falar qualquer coisa que não seja um latido ou grunhido indecifrável – não que se consiga entender tudo o que eu digo sempre. Eu falo exatamente da mesma forma que um médico escreve, precisa-se de treino pra compreender a minha ortografia-verbal.

Além de o telefone nunca ser pra mim, ainda tem outros dois motivos pelos quais eu não atendo o telefone em casa. O primeiro é o fato físico da preguiça e da surdez. Quer dizer, até eu perceber, com o fone de ouvido enfiado na orelha, que aquele barulhinho de fundo não é um charme da música e sim o telefone tocando, a pessoa já perdeu a paciência e desligou. Existem, no entanto, pessoas insistentes, ligam duas, três vezes, deixam tocar até cair a ligação, essas coisas... Até elas as vezes desistem, porque depois de escutar eu ainda preciso me preparar mentalmente, reunir força de vontade suficiente, para conseguir levantar de qualquer lugar que eu esteja e caminhar com toda a boa vontade do mundo até o telefone da sala (eu sempre atendo na sala, nunca nos quartos)... e olha, o trajeto as vezes parece uma eternidade. Eu adoraria ter um frigobar no meu quarto, facilitaria tanto as coisas. Enfim...

O segundo motivo é a memória. Minha memória não vai muito bem. Sério, eu tive que reler os dois parágrafos anteriores umas 3x enquanto escrevia para lembrar do que eu estava falando, não é algo a se subestimar! O pior é que quando eu estou sozinho em casa e a pessoa resiste bravamente a toda a minha malemolência, e espera eu atender ao telefone, ela sempre decide se vingar: “Gabriel, então diz que eu falei pra pessoa y que não sei o que é no dia de são domingos do pau verde ok?”, “OK”. Mal sabe ela que eu sou totalmente incapaz de passar um recado adiante. Quer dizer, eu até repassaria se meu cérebro não houvesse deletado a informação sem permissão no momento que o telefone fez “tutututu”. Parece que o “tututu” é um código secreto do FBI para apagar toda e qualquer memória recadonesca que eu poderia ter adquirido nos últimos segundos.

Pior é quando é importante, que eu tenho que ficar repetindo o recado baixinho pra mim mesmo, “Tio Joaquim ligou pra Mamãe dizendo que a Tia Maria morreu de Câncer de Unha, favor retornar”... “Tio Joaquim ligou pra Mamãe dizendo que a Tia Maria... o que mesmo?”... É complicado. E de domingo o telefone em casa não para, apesar de NUNCA ter ninguém além de mim por lá.

Daí é foda, dois, três recados ao mesmo tempo, e eu tendo que ficar repetindo baixinho pra decorar: “Lost ligou pra Amanda dizendo que tem role hoje a noite na casa do Puga, e que a Tita passa aqui as dez pra dar carona”, “Júlio ligou pra mamãe pra dizer que não conseguiu falar com ela e que hoje a noite vão pegar um cineminha”, “Conte ligou pro Matheus, três vezes, a Gabriela ligou quatro vezes, todos vão tomar sorvete no Mc do Shopping”. Beleza... decorado... Ai eles chegam e precisa passar o recado: “Amanda, Puga ligou pro Conte pra dizer que hoje vai tomar sorvete e não conseguiu falar com você”, “Mãe, a Gabriela ligou quatro vezes pra dizer que vai numa festinha com você e a Titã e passa aqui as dez pra te buscar”, “Matheus, o Júlio diz que ele e o Conte vão pegar um cineminha com MC hoje a noite, te ligou três vezes”.

Porra, meu, compra uma secretária eletrônica né... Daí eu tomo bronca porque não consigo passar recado direito... fala sério, pega um papel e anota, sei lá! Ou liga no celular, todo mundo tem celular hoje em dia, as pessoas só não se acham se não quiserem...

segunda-feira, novembro 26, 2007

Eu sou Escorpiano!

Eu não lembro se já postei algo sobre isso, mas sempre que eu olho esse site, eu fico meio embasbacado. Eu não sou um daqueles caras que acredita que a posição dos astros exerça algum tipo de influência na vida das pessoas diariamente, porém... nada impede que a sua data de nascimento influencie de forma comedida no seu temperamento e personalidade.

Aproveitando meu aniversário recém completo, e a proximidade do aniversário de um ano desse blog, vou deixar alguns trechinhos que achei perfeitos desse site:

[ Relacionamento com Escorpianos ]

- Presentes

Quando se fala de Escorpião temos a idéia presenteá-lo com roupas sedutoras e objetos eróticos (e há muitos) poderia agradá-lo. Nem pense nisso. Escorpianos não suportam deixar à mostra seus desejos e intimidades. Ele pode morrer de vergonha e ficar com ódio de você, o que não é bom para sua integridade física, moral e psicológica. Presentes ideais são aqueles em que haja algo a desvendar ou que instigue sua capacidade de desvendar mistérios.

Livros de suspense, espionagem e mistério podem ser interessantes, assim como um quebra-cabeça ou uma caixinha mágica que desafie sua inteligência. Dependendo de sua crença, amuletos e objetos místicos serão muito bem aceitos. Outra coisa que ele pode gostar muito, é uma lembrança que tenha um significado especial para você e para ele, e que poucos entenderão o porque uma simples taça de champanhe com uma fita vermelha amarrada provoca um sorriso enigmático e uma troca de olhares entre vocês.

- Conquista

Paixão. Não existe outra palavra para definir o que eles sentem quando estão amando. Sempre haverá um toque de sensualidade em qualquer tipo de relação que ele estabeleça, desde amizade até um casamento. O desejo e o amor passional faz parte de sua vida, o que ele considera muito normal. Por isso seu coração toma conta de todas as suas ações. Conquistar um Escorpião pode ser difícil, mas é ainda mais difícil resistir ao seu assédio.

Não são só insistentes e sedutores, conseguem descobrir nossos desejos mais profundos. Não existe ninguém capaz de ceder, nem que for por alguns momentos, ao seu ataque. Mas há uma maneira de conquistá-lo. Tenha segredos e não se mostre interessado. O desconhecido e o indecifrável o fascina tanto que ele não resistirá a desvendar seus mistérios. Seja fácil e ele usará e abusará de você. Conquiste-o e terá um amante para sempre. Depois agüente as conseqüências. Agora você pertence a ele.

- Amizade

Dificilmente você fará amizade com um Escorpião. Ele fará amizade com você. Isso pode ser uma sorte grande, mas pode ser uma infelicidade da qual você jamais esquecerá. Seletivos e desconfiados eles escolhem a dedo as pessoas que farão parte de seu grupo de amizades. Com poucos ele se abrirá, mas nunca totalmente.

Fiéis e exigentes, eles esperam a mesma atenção e dedicação dada por ele. Sempre prontos a proteger e favorecer seus amigos, não permite que outros os ataquem. Sensíveis e rancorosos, não suportam desfeitas e traições, e é difícil convencê-los de que você não teve esta intenção. Pense bem antes de fazer amizade com este pessoal de Escorpião. Como amigos são ótimos, mas como inimigos são melhores ainda.

Fonte:
www.gaiastral.com.br

quinta-feira, novembro 22, 2007

O Príncipe Encantado

Então, no meu tempo ocioso no trabalho comecei a brincar no Corel e fazer desenhos toscos de palitinhos. Decidi fazer uma tirinha ridícula. Huahua... Postei ela lá no Soh na Cretinage, mas vou deixar um apontamento aqui também, pra quem quiser "acompanhar", se eu realmente fizer mais.

Chama-se "O Príncipe Encantado". Link pra primeira tirinha ridícula:
http://img240.imageshack.us/img240/7683/tirinha1ef5.jpg

segunda-feira, novembro 05, 2007

Dores!

De boa, parece que eu fui atropelado por um caminhão. Ou que passei a semana inteira dançando ritmos latinos com o capeta. Acho que nunca tive tanta dor por tanto tempo seguido, nem nos meus consecutivos acidentes e os incansáveis atentados virais à minha saúde.

Quando eu sentia dores nas costas, eu não sabia direito o que era dor, até sentir essa que tenho sentido essa última semana, que veio gentilmente precedida e agora se mantém acompanhada com suas duas irmãs, a dor de garganta e a enxaqueca. Já parou pra contar quantas pessoas te mandam “alongar” quando você diz que ta com dor nas costas? Caralho! Se eu conseguisse mover meu pescoço já era bom sinal, quanto mais alongar!

O pior é que esse negócio me pegou de jeito, me jogou na parede e me chamou de meu amor e agora não sai de mim. Tenho tentado não existir à base de dorflex, mas ta difícil. Hoje levantei uma bandeira de resistência e não trouxe minha cartelinha (que restam somente 2 pílulas) pro trabalho – pra vocês terem uma idéia do resultado, comecei a escrever as 11hs da manhã e agora são 17hs da tarde! Puta merda!

Alguém tem uma escrava japonesa especialista em massagens?

sexta-feira, outubro 19, 2007

Mostra Internacional de Cinema SP

Como eu faço todo ano, segue a minha seleção de filmes mais "pops" e bacanas do festival, com seus respectivos horários, diretores e atores principais. Os com asterisco são os que eu pretendo ir, embora eu quisesse ir em todos x.x... Provavelmente vou em quatro ou cinco no máximo, sux.
- Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto (Sidney Lumet), com Seymour Hoffman, Ethan Hawke, Albert Finney e Marisa Tomei
19/10, 16h - Cinemateca, Sala Petrobrás
20/10, 19h50 - Unibanco Arteplex 3
30/10, 20h40 - Espaço Unibanco de Cinema 3

- À Prova de Morte (Tarantino), com Kurt Russe, Rosário Dawson
21/10, 22h40 - Cine Sesc
25/10, 13h30 - Espaço Unibanco de Cinema 3
26/10, 00h00 - Cine Bombril Sala 1

- A Maldição da Flor Dourada (Zhang Yimou), com Chow Yun Fat e Gong Li
30/10, 19:00 - Cinemark Shoping Eldorado*

- Cada Um Com Seu Cinema (Kiarostami, Iñarritu, Cronenberg, Dardenne, Egoyan, Gitai, Walter Salles, etc)
19/10, 23h50 - Unibanco Artplex 2
22/10, 16h10 - Ig Cine
23/10, 22h00 - Reserva Cultural Sala 1

- Canções de Amor (Cristophe Honoré)
27/10 22h50 - Cine Bombril
28/10 20h30 - Memorial da América Latina
30/10 21h50 - Cinemateca Sala Petrobrás
01/11 18h50 - Cinemateca Sala BNDES

- Entrevista (Steve Buscemi), com Steve Buscemi e Sienna Miller
21/10 21h00 - CineSesc
23/10 21h10 - Cine Tam*

- Império dos Sonhos (David Lynch), com Laura Dern
19/10 22h50 - IG Cine
21/10 12:00 - Cine Bombril Sala 1
22/10 20:10 - Unibanco ARtplex 1

- Im Not There (Todd Haynes), com Christian Bale, Cate Blanchett, Charlotte Gainsbourg, Julianne Moore, Richard Gere, Heath Ledger, etc
21/10 21h40 - Cinemateca Sala BNDES
22/10 19h00 - Reserva Cultural Sala 1
28/10 15h00 - CineSesc

- No Vale das Sombras (Paul Haggis), com Charlize Theron, Susan Sarandon, James Franco e Tommy Lee Jones
23/10 19h00 - Cinemark Shopping Eldorado*
24/10 21h20 - Ig Cine
25/10 13h30 - CineSesc

- Medo da Verdade (Ben Affleck), com Casey Affleck, Michelle Monaghan, Morgan Freeman, Ed Harris, etc
25/10 18h40 - Espaço Unibanco de Cinema 3
30/10 21h30 - Cinemark Shopping Eldorado*
31/10 22h40 - Unibanco Arteplex 1

- Amor nos Tempos de Cólera (Mike Newell), Javier Bardem, John Leguizamo, Liev Schreiber, Fernanda Montenegro
25/10 16h50 - Cinemateca Sala BNDES
26/10 21h30 - Cinemark Shopping Eldorado*
30/10 20h10 - Unibanco Arteplex 1

- O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford (Andrew Dominik), com Brad Pitt, Casey Affleck, Sam Rockwell e Sam Sheppard
20/10 21h30 - Cinemark Shopping Eldorado*
24/10 17h30 - Reserva Cultural Sala 1
28/10 17h30 - IG Cine

- O Clube de Leitura de Jane Austen (Robin Swicord), com Maria Bello, Emily Blunt, Kathy Baker.
21/10 20h20 - Unibanco Arteplex 1
22/10 18h50 - Unibanco Arteplex 2
24/10 13h30 - CineSesc

- O Preço da Coragem (Michael Winterbottom ), com Dan Futterman e Angelina Jolie
21/10 19h00 - Cinemark Shopping Eldorado
25/10 19h00 - Cine TAM*
27/10 16h10 - Reserva Cultural Sala'1

- Onde os Fracos Não Tem Vez (Joel e Ethan Cohen), com Tommy Lee Jones, Javier Bardem, Josh Brolin, Woody Harrelson, etc
01/11 21h00 - Memorial da América Latina

- Paranoid Park (Gus Van Sant)
26/10 22h40 - Reserva Cultural Sala 1
27/10 23h20 - Unibanco Arteplex 1
30/10 17h10 - Espaço Unibanco de Cinema 3

- Planeta Terror (Robert Rodriguez), com Bruce Willis, Michael Biehn, Josh Brolin, Rose McGowan, Naveen Andrews e Quentin Tarantino
19/10 21h30 - Cinemark Shopping Eldorado*
26/10 22h00 - Cine Bombril Sala 1
30/10 13h00 - Unibanco Arteplex 1

- Redacted (Brian de Palma)
29/10 21h20 - Cine Tam*
30/10 18h10 - Cinemateca Sala BNDES
31/10 13h30 - CineSesc

- Senhores do Crime (David Cronenberg), com Viggo Mortensen, Naomi Watts e Vincent Cassel
27/10 22h00 - HSBC Belas Artes
28/10 17h20 - Cine Bombril Sala 1
31/10 19h20 - CineSesc

- Sombras de Goya (Milos Forman), com Javier Bardem, Natalie Portman e Stellan Skarsgard
19/10 19h00 - Cinemark Shopping Eldorado*
21/10 18h20 - Ig Cine
23/10 13h00 - Unibanco Arteplex

- Sonhando Acordado (Michel Gondry), com Gael Garcia Bernal, Charlotte Gainsbourgh, etc
19/10 19h00 - Cine Bombril Sala 1
20/10 19h00 - Cinemateca Sala Petrobrás
21/10 13h30 - CineSesc

- Um Amor Jovem (Ethan Hawke)
19/10 22h20 - Espaço Unibanco de Cinema 3
20/10 22h10 - HSBC Belas Artes 2
22/10 13h00 - Reserva Cultural Sala 1
2710 18h00 - Centro Cultural São Paulo

- Um Jogo de Vida ou Morte (Kenneth Branagh), com Jude Law e Michael Caine
23/10 17h10 - Unibanco Arteplex 2
27/10 23h40 - Unibanco Arteplex 4
28/10 22h20 - Cine Bombril Sala 2

- Viajem a Darjeeling (Wes Anderson), com Owen Wilson, Adrien Brody, Jason Schwartzman, Anjelica Huston e Bill Murray
23/10 19h00 - IG Cine
25/10 16h50 - Unibanco Arteplex 1
28/10 21h30 - Chinemark Shopping Eldorado*

quarta-feira, outubro 17, 2007

Será que vai chover?

Falar sobre o clima é, normalmente, coisa de quem não tem assunto melhor. Porém, seria estranho não comentar os momentos de loucura climática que São Paulo vive nas últimas semanas. Primeiro, faz-se um calor desgramado. O ar fica seco, e consequentemente seus olhos ficam secos, e seus lábios ficam secos, e você tem dificuldade para respirar. As coisas ficam abafadas, e é tão mais difícil de se fazer as coisas. O calor é foda.

Então, do nada, faz uma friaca do diabo. Tudo gelado. Claro que a secura não passa, você só fica com bem mais frio do que antes, à beira de um choque térmico. Então o cara que manda lá em cima decide que você tem direito a uma garoinha gelada e um vento frio. No final, qualquer coisa que não seja indiferença tá valendo. As coisas ameaçam melhorar. A temperatura, pelo menos, estabiliza. E com a garoinha a umidade no ar aumenta um pouco e você já consegue respirar. Fica até bom por um tempinho.

Daí o cara fala “Hah, vou te sacanear”. O calor começa a aumentar, aumentar, aumentar... e ai você não quer sair de baixo do ar condicionado pra mais nada. Então, chove. Não é uma chuvarada, mas também não é uma garoa, é uma chuva diferente, espessa, consistente, firme. Você consegue sentir a pressão das gotas tocando a pele do seu rosto, e consegue observar a dificuldade com que elas se desprendem do ar ao se chocar com o vidro dos carros, quase em câmera lenta, quase uma por vez. É uma chuva que, praticamente, não molha. Não interfere em nada, a não ser na umidade do ar.

No dia seguinte, faz frio. E, lógico, se seu sistema imunológico for forte e batalhador como o meu você vai ficar gripado.

E quando você chora, o mundo chora com você.

sexta-feira, outubro 05, 2007

Porque eu odeio todos os dias da semana?

Eu não consigo entender o porque das pessoas comemorarem tanto a proximidade do fim de semana. Na real... Qual a diferença entre sexta-feira e terça? Porque a quinta é melhor que segunda? Tudo bem, eu consigo aceitar que talvez sábado e domingo sejam dias menos odiosos do que todos os outros, mas mesmo assim!

Eu odeio todos os dias da semana, sem exceção, e talvez isso aconteça porque eu sou um cara ansioso, rabugento e mal humorado, mas mesmo assim, vou justificar. Saca só:

Terça-Feira – é o terceiro dia da semana, por isso chama “terça”, e não o segundo, como a maioria das pessoas gostam de acreditar e nada irrita mais do que alguém te dar tapinhas nas costas e dizer “relaxa, a semana só está começando!”. É um péssimo dia porque fica entre a segunda e a quarta, que são os piores dias da semana claramente. Então quando você chega na terça feira, tem todo o mal humor acumulado da segunda e todo o estresse de ter que lidar com todos os problemas da quarta. Além de ser o segundo pior dia de trânsito em São Paulo.

Quarta-Feira – também conhecido como o dia dos problemas, é na quarta feira que as pessoas obrigam você a ser infeliz até o último minuto das 24 horas do dia. A maioria das horas extras são feitas nas quartas feiras, e os professores da faculdade sempre parecem querer postergar o máximo possível as aulas enfadonhas para não voltarem à suas vidas tediosas antes do tempo estritamente necessário para que eles acumulem sono suficiente para dormir.

Quinta-Feira – nas quintas feiras, normalmente, você já está tão cansado que vai chegar atrasado no trabalho e levar bronca. É provavelmente o dia em que se está mais exausto na semana, o dia que se está mais de saco-cheio de tudo e rezando pra que chegue logo o fim de semana pra que você possa fazer qualquer outra coisa enfadonha. É o dia das cobranças chatas.

Sexta-Feira – é um dia tão bom, tão bom, que é terrível. Você passa o dia inteiro tão ansioso pra que ele acabe logo que fica de saco cheio em 30 minutos e não quer produzir mais nada, só ficar moscando e esperando o tempo passar. Então você lembra que tem faculdade, e de duas uma – ou fica puto, ou falta, e fica puto quando chega a sua DP no fim do semestre. As melhores horas da sexta-feira são do sábado, que é quando acabam seus afazeres diários e você pode tomar uma cervejinha... mas aí já é meia noite e todo mundo sabe que meia-noite é outro dia.

Sábado – o último dia da semana nunca é como você imaginou que seja. Torce tanto pra chegar logo sábado e esquece que é nesse dia que você tem que fazer tudo o que não teve tempo de fazer ao longo da semana: tomar banho, ir no barbeiro/cabelereiro, fazer as compras da semana, ir ao curso de inglês ou whatever, e o dia acaba sendo mais movimentado do que todos os outros dias da semana, você chega exausto e tudo o que você quer é dormir – mas não, é sábado, então você sai de casa forçado, enche a cara e então...

Domingo – Ressaca! Domingo é o dia da ressaca. Sua cabeça dói tanto que você preferia não ter nem acordado. Pior, você acordou às 3 horas da tarde! Ou seja, já perdeu 15 horas do seu dia de 24. Mais da metade! Mas é domingo, você tem o dia livre... certo? Errado. Sua mãe vai querer que você almoce com ela, provavelmente vai ter alguma festinha de família, comemoração de feriado, reunião de amigos ou qualquer coisa que impeça você de perder todo o seu tempo com você mesmo. Além disso, você vai passar o dia inteiro torcendo para que ele não acabe, porque o dia seguinte é segunda-feira. E tchanan, ele vai passar infinitamente mais rápido por isso, vai acabar, e vai ser segunda feira antes que você perceba... pior, vão ser 2hs da manhã de segunda feira sem que você perceba, o que te rouba 2 horas de sono e resulta em:

Segunda-Feira: sono, mau humor e uma vontade terrível de morrer. São os sintomas da segunda. Acompanhado sempre por um sentimento de que “puta que pariu, vai começar tudo de novo!”, e você já sofre pela semana inteira que está por vir com antecedência, o que faz do resto dela uma porcaria por igual.

Vai entender.



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Mais de um mês sem atualizar... cacilds. Não tenho tido tempo ou inspiração para atualizar isso aqui do trampo. Mas enfim, bola pra frente.

segunda-feira, agosto 20, 2007

A Subversão do Paradigma Socio-Referencial

Eu prometi a mim mesmo que não voltaria a escrever esse tipo de texto. É chato e a maioria das pessoas não gosta de ler, mas depois de ler o texto de uma amiga (clicar em Flines ali embaixo), me senti ligeiramente mal por ter abandonado um tipo de manifestação que sempre aprovei, uma crítica social que embora intelectualizada – e acredite, existe um combate ao que é intelectual na maioria dos grupos sociais hoje em dia – e sem o linguajar poético e gostoso de se ler, como o texto supracitado, precisa ser feita.

Embora a grande maioria das pessoas não tenha uma consciência comum de sua situação, é fato que toda sociedade vive contida dentro de um conjunto de regras que ditam seu comportamento e sua realidade. Um conjunto de normas, tradições e referências que foram inclusas no seu subconsciente pela sua interação social e educação. Existe uma “consciência coletiva” que cuida que todos os membros de um mesmo povo ou tribo, desde os primórdios, comportem-se de maneira semelhante, respeitem-se e consigam sobreviver em conjunto. Essa consciência engloba uma série de coisas, seja a Ética, seja a Moral, ou mesmo a Cultura, e uma especificação desse consciente é o que os filósofos chamam de Paradigma – um padrão de modelos a serem seguidos.

Infelizmente vivemos um momento em nossa história em que existe uma triste subversão do que eu vou chamar de “paradigma socio-referencial”, embora não seja esse o nome correto, pensei em chamar simplesmente de paradigma “social”, porém, social abrange muito mais coisas do que eu estou disposto a falar nesse pequeno texto. Fato é, perdemos nossos modelos de referência. Fica claro, hoje, que existe uma confusão mundial que nos rouba uma série de coisas, sejam elas uma identidade social, ou uma identidade pessoal, seja um paradigma de valores sóbrios ou então, os modelos de referência. Era claro que um dos sacrifícios da globalização para os países menos desenvolvidos seria um sacrifício parcial da sua “consciência coletiva” para as influências de outras “culturas” mais poderosas – tudo isso para se formar uma “aldeia global”. Não acho de todo ruim, não sou regionalista ou bairrista (ou sou, mas escondo bem).

Porém, a mistura de valores acentuada por uma degradação moral, e não me refiro à degradação com julgo de valores – mesmo porque, participo e até apoio boa parte dela -, mas é fato que existe uma diminuição de boa parte das “morais” que antes eram fortes, ainda mais num país colonialista e paternalista como o Brasil, fazendo com que a formação dos ícones referenciais modernos seja um retrato dessa nova situação, que ao serem expostos à sociedade tornam-se exemplos não tão sadios de comportamento.

Indo além, subverte-se o que antes parecia correto em prol de uma abordagem moderna só pelo prazer de se ser moderno, e não pelo que aquilo trás de realmente benéfico. E então, posturas que um dia foram corretas tornam-se feias, erradas e passíveis de julgo ou desprezo. Ai, em exemplos mais claros, dizer “eu te amo” é brega ou banal, dar “bom dia” é agressivo e estranho, acreditar que é seguro sair na rua é tolo, falar de política é chato, ser intelectual é patético, acreditar que as pessoas podem ser boas é ingênuo, falar a verdade é raro, ser sincero é proibido e ser honesto é crime. Não usar drogas é careta, reclamar quando alguém fuma em local proibido é ser pentelho, mandar flores é cafona, e posso continuar pra sempre.

E ao criticar esse novo sistema, embora outros poucos assertivos batam palma e uma minoria intelectualizada concorde, você é rechassado pela grande maioria da sociedade, que tem como referência o ator americano que pega a mulher pelo cabelo, o político brasileiro corrupto, o músico britânico viciado em heroína, o jogador de futebol polígamo, e uma dúzia de outros referenciais que vão contra uma série de antigos paradigmas e estão acabando por criar outros em que aquele que faz a coisa do jeito “correto” é passível de punição. E então, entra em vigor um outro movimento social chamado “A Espiral do Silêncio”, em que, pouco a pouco, aqueles que ainda fazem as coisas de um jeito diferente acabam se calando, para poupar o ostracismo social.

Enfim... apenas uma discussão que considero válida.

quinta-feira, agosto 16, 2007

A medida de um ano.

“But somehow I got caught up between
Between my pride and my promise
Between my lies and how the truth gets in the way”

- Linkin’ Park, In Between.


Qual é a medida de um ano?

A resposta mais óbvia para essa pergunta é “365 dias”. Esquece-se então, que não são realmente 365 dias, mas 365,2 dias... “vígula dois”. Menos preciso do que se espera... Alguém mais cético pode ir além, são 52 semanas “vírgula um”, ou 8.765 “vírgula oito” horas, e também 525.948, 7 minutos e, finalmente um número preciso, 31.556.926 segundos.

Mas eu duvido que quando se passou um ano da sua vida você realmente olha para trás e diz “Hm, lá se foram 12 meses de existência”, ou qualquer medida temporal que seja. Existem várias medidas de um ano, e nenhuma delas tem a ver com o tempo que se leva para percorrê-lo, mesmo porque, o tempo por si próprio é algo subjetivo – algumas pessoas começam a contar seus anos bem antes ou depois do dia primeiro de janeiro, seja por conta de uma religião, uma data pessoa significativa ou marcante, e por ai vai. Isso quando algumas pessoas não sentem que o tempo demora mais ou menos para passar.

Você pode medir seu ano pela sua renda, como os americanos, povo estranho, costuma fazer. Se você ganha 40 mil por ano, ou 50 mil por ano, ou consegue cobrir ou não a hipoteca da sua casa com o seu salário semanal. Os pessimistas contam seus anos pelo número problemas do seu ano, três ofertas de emprego perdidas, um corte de cabelo mal feito e duas ex-namoradas grávidas. Os otimistas contam do jeito contrário, uma quina na loteria, cinco visitas inesperadas de amigos desaparecidos e um beijo roubado.

Algumas pessoas contam seu ano pelo número de mortes de amigos e parentes, outras, pelo número de nascimentos. Os românticos podem contar o seu número de corações partidos e poemas rasgados, os garanhões, o número de corações que partiram e telefones que conseguiram. Se você é azarado, pode contar o número de acidentes, se você tem problemas mentais, pode contar pelo número de vezes que adoeceu. A temporada da sua série favorita, ou quantas séries conseguiu acompanhar, quantos filmes assistiu ou quantas peças de teatro visitou. Até ópera, pra alguns, vale de referência.

Rockeiros e moderninhos podem contar pelo número de shows que foram, os “fãs” de música eletrônica, pelo número de raves, e os góticos, pelas noitadas no cemitério, vai saber. Se você é um bandido, talvez conte pelo número de roubos que você conseguiu executar, ou então, pelo número de vezes que foi preso.

A medida de um ano é diferente para cada pessoa, eu, por exemplo, gosto da medida do Rei – “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”. É uma medida bacana.

Qual a sua medida de um ano? A minha é segredo. ;P
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Sutilmente inspirado pelo filme-musical Rent.

segunda-feira, julho 30, 2007

Ingmar Bergman e seus morangos silvestres

“Bergman é talvez o único gênio do cinema vivo hoje.” – Woody Allen, o meu gênio do cinema predileto.

“Eu acredito que Bergman, Di Sicca e Fellini são os únicos três cineastas no mundo que não são só oportunistas artísticos. Com isso, eu quero dizer que eles não apenas sentam e esperam uma boa história surgir e então a filmam. Eles possuem um ponto de vista que é expresso várias e várias vezes em seus filmes, e eles próprios escrevem ou tem um material original escrito para eles.” – Stanley Kubrick, o gênio “modesto” do cinema.

“Cinema não é um trabalho de equipe. O diretor está só diante de uma página em branco. Para Bergman, estar só é se fazer perguntas; filmar é encontrar as respostas.” – Jean Luc Godard, o gênio do cinema que Bergman considerava vazio e tedioso.

Acho válida a menção e um luto comedido em respeito à morte do diretor de cinema Ingmar Bergman. Não tenho a pretensão de fazer um post competente a respeito do homem por simples e mera incapacidade intelectual. Mas como cinéfilo, me reservo ao direito de fazer uma dissertação breve sobre a forma como enxergo a sua obra e um pouco de sua vida.

Ingmar Bergman é talvez um dos últimos filósofos do cinema a falecerem. Seus filmes sempre lidaram com as questões mais profundas dos seres humanos – questionando com uma abordagem muitas vezes sofrida e melancólica as grandes questões universais, tristeza essa que acabou se mesclando com a percepção do público sobre a Suécia, seu país de origem e local da maioria de suas filmagens. Bergman, dizia de forma irônica e evasiva, que buscava contar em seus filmes a verdade sobre a condição humana, a verdade como ele via.

Bergman lidava bem com seus atores – eram amigos, produziam juntos todo tempo, e o diretor permitia que se improvisassem quando necessário. Diz-se que no fim de sua carreira ele parou de escrever diálogos – apenas o conceito da discussão era suficiente, e então deixava que os atores desenvolvessem. Foi um dos últimos cineastas autorais de verdade, cinema autoral, esse, que vem definhando cada vez mais nos últimos anos. Amigo íntimo de Fellini, admirador de Kurosawa e Truffaut, crítico de Orson Welles, Godard e Buñuel, até o fim de seus dias, Ingmar Bergman foi ligado ao cinema e ao teatro, elogiando o trabalho de diretores como Spielberg, Scorsese e Soderbergh.

No fim de sua carreira, chegou a dizer que gostava de dois ou três filmes que fez, mas que não conseguia assistir aos outros por considerá-los depressivos. Foi talvez o primeiro cineasta a relacionar diretamente música e cinema. Para ele, música era a sua maior inspiração, e ele acreditava que o cinema era a forma de arte mais similar à mesma – ambas lidavam com a emoção e ritmo, e não com o intelecto.

Constam em seu currículo filmes como Fanny e Alexandre, O Sétimo Selo, Morangos Silvestres, O Silêncio e O Ovo da Serpente, três ou mais “Oscar” de filmes estrangeiros, uma dezena de outros filmes e prêmios, cinco esposas, nove filhos e uma legião de fãs.

Minha frase favorita, atribuída a Bergman, é:

“Eu jogo uma lança no escuro. Isso é intuição. Então eu devo mandar um exército para dentro da escuridão buscá-la. Isso é intelecto.”

Fica a modesta menção.

quinta-feira, julho 26, 2007

Toujours, tout doux, tout doucement.

Eu não tenho pressa. Quem tem pressa é o tempo, e quem pode dizer abertamente que simpatiza com ele? Eu não. Eu tenho meu próprio ritmo, de música lenta e dançante, daquelas que a maioria dos garotos e garotas hoje em dia jamais dançou, coladinho com a menina que gostava no colégio, tímido e ansioso, sem saber direito o que fazer com as mãos e qual a distância segura dos corpos. Nada parecido com a batida agressiva, que embala os sonhos desses “jovens nervosos” e agitados.

Minha balada pessoal é observativa, inspira-se nos detalhes e pode às vezes se perder nessas pequenas coisas e esquecer um pouco dos pés. Diz-se por ai que os pés são essenciais. Não entendo muito bem de pés. Às vezes, parecem levitar lentamente ou, pesados, grudarem no chão de forma abrupta. O importante é lembrar que não se pode pisar nos pés de quem dança com você, mas quando acidentalmente o faz, pedir desculpas e continuar a dançar. A música é lenta, mas não para.

Eu me divirto alimentando a antecipação com uma ansiosidade de roer o estômago e arrepiar todo o corpo com fluxos crescentes de adrenalina. Quem tem pressa não aprecia a espera e perde boa parte do gosto da realização. Pode parecer estranho, vindo do garoto que fala, ri e briga de mais, mas isso não tem nada a ver com pressa. Apenas com aproveitar o momento – degustá-lo e extrair o máximo que puder, estende-lo ao limite.

“Sempre, tudo lento, tudo lentamente”, como na música em francês da moça talentosa de nome bonito.

Não me arrependo de passear calmamente, carregando o peso das minhas preocupações, mas lidando com uma por vez. E nem me arrependo do tempo que perdi com coisas que podem parecer menos importantes do que realmente são, mas que são minhas. Minhas memórias, minha experiência, e todos os momentos que ri, e fiz rir, chorei e fiz chorar.

Também não me arrependo pelo tempo que não gastei fazendo as coisas que outros fariam ou gostariam que eu fizesse. E não irei me arrepender dos momentos que ainda estão por vir.

A vida não é curta de mais, ela é “todo o tempo que precisamos”. Nada de mais, nada de menos. Não tenho pressa para chegar aonde eu quero.

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Overfluxo inspirado por:
“Tout Doucement”, de Leslie Feist.

sábado, julho 21, 2007

Um pouco de auto-conhecimento.

Eu sou da filosofia de que pra conseguir entender e compreender as outras pessoas, se tornar um comunicador, uma pessoa social, sociólogo ou um empático qualquer, é necessário primeiro que você conheça de forma razoável a sua própria pessoa – o que pode ser uma tarefa extremamente interessante e exaustiva, visto que a grande maioria das pessoas possui barreiras tão altas que nem mesmo eles conseguem perpassar.

É óbvio que é fundamental a influência social e espiritual dentro dessa questão. Saber e ter convicção naquilo que você acredita – na sua fé, sua religião ou seu culto que seja, ou a inexistência dele – é crucial para poder compreender um pouco de você mesmo. Assim como a cultura de onde você vem também é fator importantíssimo, se você é americano ou chinês, de qual região do país você vem, qual a sua origem social, sua formação pessoal, as éticas e as morais da sua civilização, e tudo aquilo que Durkheim chamaria de “consciente coletivo”.

Porém, eu deixo tudo isso para as pessoas chatas discutirem e estudarem. Eu gosto mesmo é das questões pessoais. Das peculiaridades.

Quer dizer... eu parto do princípio que todo mundo é um pouco surtado. O que é a mais pura verdade do universo, e talvez a única. Não existem pessoas sem manias, peculiaridades, pequenos defeitos ou coisas que fazem com freqüência e que praticamente definem, ou se não, enriquecem, a sua personalidade. Tendo isso em mente, para que você possa se conhecer bem, é necessário que você saiba qual as suas peculiaridades, quais as suas “questões pessoais”.

Eu sou cheio de manias, por exemplo. Costumo brincar com os outros que tenho alguns comportamentos obsessivos compulsivos, o que não deixa de ter alguma verdade. Coleciono coisas desde pivete... no começo colecionava selos, induzido pelo meu avô, e moedas antigas. Ainda devo ter isso em algum lugar. Quer me fazer feliz? Me dê um álbum de figurinhas com vários pacotes e isso me diverte pra sempre. Mais tarde colecionei maços de cigarro e latinhas de cerveja, mas quando mudei tive de dar um sumiço, foi pro lixo. Hoje em dia coleciono CDs e DVDs. Mais caro, porém, mais sadio.

Uma outra mania é lavar a mão sempre depois de comer, raramente antes. Meio nojento, eu sei. Eu também fico desenhando na porta do box quando tomo banho, e meus banhos são sempre fervendo. E eu desenho sempre o mesmo símbolo que não sei de onde vem. Eu rôo unha, estalo os dedos, preciso ir no banheiro quase sempre depois de comer. Yuck. HAEUAE.

Eu costumo pegar a forma de falar das pessoas muito rápido e involuntariamente acabo incorporando algumas das palavras ou sotaques no meu. Eu observo muito, mas falo muito também. Principalmente quando eu estou nervoso ou querendo ser bacana. Quando eu estou mais tranqüilo ou meio pra baixo costumo ficar quieto, e fazer comentários ácidos e irônicos.

Torço pro Palmeiras e nunca gostei de futebol, até um ano atrás. Jogo videogame, meu computador só serve pra jogos e textos, sou um “game maníaco” nerd. Fato. Mordo o dedo quando to entediado, e as vezes os lábios em algumas situações. Coço a nuca quando estou envergonhado, clichê, eu sei. Quando eu chego em casa a primeira coisa que eu tiro é o relógio, eu odeio relógios e tenho preguiça de olhar os analógicos, mas só me dão analógicos, então eu fico com preguiça de olhar todos os meus relógios.

Às vezes eu prefiro muito mais fazer alguma coisa em casa do que sair. E quando saio, prefiro bem mais um barzinho mais suave do que uma balada. Se o barzinho tiver sinuca, melhor ainda. Eu curto competir. Eu sou incapaz de ir sozinho no cinema. Eu costumo xingar as pessoas que eu gosto, é uma forma de demonstrar carinho sem passar vergonha. O problema é quando elas não sabem disso. Eu odeio passar vergonha, do tipo, odeio muito. Não me faça passar vergonha.

Enfim, deu pra entender mais ou menos que tipo de peculiaridades eu me refiro, não? Então, quais são as suas?

terça-feira, julho 17, 2007

A Frieza das Telecomunicações

Seria engraçado se não fosse trágico. Tomo por base os quatro maiores canais de televisão do Brasil: Globo, SBT, Record e Bandeirantes.

Existe um fato – uma notícia séria. Um avião da TAM, com 176 passageiros, provavelmente todos mortos, “deslizou” e atravessou uma das artérias do trânsito paulista, a Av. Washington Luís, poucos quilômetros da minha casa, e se chocou com um prédio da própria companhia do outro lado da avenida. Explosões, fogo, corpos, enfim, prato cheio para o telejornalismo.

Então eu coloco na Rede Globo, e puxa... novela das 8h. Claro que a morte de mais de 170 pessoas não é suficiente para ocupar o horário da novela das oito. Não merece uma transmissão ao vivo, uma apuração jornalística. A novela das 8 é muito mais importante.

Então, vou pro SBT. Jornalzinho do SBT, aquele mesmo blá-blá-blá, políticos, roubalheira, e uma notinha sobre um incêndio no outro Aeroporto mais importante do Brasil, o Santos Dummond do Rio. Hora ou outra, eles mostram uma imagenzinha do acidente aqui em Congonhas, fazem um comentário totalmente patético e voltam para a programação normal.

A Record manteve por umas duas horas uma transmissão “ao vivo” do acontecido, enquanto o fogo queimava e não tinha nada para noticiar. Mas decidiram que a novela deles é mais importante que a notícia do acidente, do que as informações aos interessados e parentes.

A Bandeirantes, que foi o canal que manteve por mais tempo a transmissão, nos obriga a suportar o Datena. Tudo bem, ao menos eles conseguiram infiltrar a Heleonora Pasqual dentre os bombeiros e fizeram uma boa cobertura. Suportar o Datena eu consigo, não consigo é aceitar que interrompam no meio a transmissão pra passar o jogo de vôlei de praia do Brasil contra um timeco qualquer das américas centrais. Que afinal, é muito mais importante que 180 mortos no que pode ser o maior acidente aéreo do Brasil.

Mas lógico, ultimamente nós escutamos tanto esse termo “maior acidente aéreo do Brasil”, que ficou vulgar. Ninguém mais liga.

Será?

Bom... pelo menos a RedeTV tá passando ao vivo.

E parece história de cinema, mas a amiga da minha mãe e madrinha do meu irmão deveria estar nesse vôo. Mas se atrasou e perdeu a viagem. Eu não acredito em deus, mas ela tem que agradecer todo dia por ter praticamente nascido de novo.

segunda-feira, julho 16, 2007

Novo Layout

Olha só... eu achei esse layout realmente bonito, não sei por que. Porém, também achei ele bem de menina. Bem... er... viadinho.

Dai eu mandei pro Aruan, pedindo uma opinião e aproveitando que ele reviveu - ele disse que era bem dahora e me xingou, dai eu achei que podia até ficar bacana (gente sem personalidade é foda, preciso de um empurrãozinho, sempre). Coloquei. Se eu achar gayzinho de mais com o tempo, eu tiro fora e boto um de mulher pelada pra compensar. Bwahaeuhuae...

Só pra constar, com a volta do Aruan, o Soh na Cretinage também retorna. Link ao lado. Estamos procurando um terceiro cretino para auxiliar na atualização, distribuimos alguns (um) convite, e estamos esperando a resposta do dito cujo. Mais informações aonde deve, no próprio blog.

sábado, julho 07, 2007

Sobre a Pirataria Virtual.

Eu não sou um cara que pratica ou apóia pirataria de qualquer tipo de produto. Quer dizer, eu até baixo músicas da internet, mas somente CDs que não chegam ou chegarão no Brasil ou músicas livres de copyright por sites devidamente credenciados, porém, eu não costumo criticar esse tipo de postura.

Eu compreendo que exista uma diferença enorme entre a pirataria no Brasil e a pirataria nos Estados Unidos. Indo por partes, vou falar da pirataria de filmes, pra começar. Um ingresso de cinema no Brasil custa 12 reais em um país que metade da população ganha menos de 400 por mês, logo, não é segredo nenhum que o posicionamento dos cinemas no Brasil é para um público A ou B, e não para a massa. O aluguel de um DVD, por uma diária, custa em torno de 10 reais. O posicionamento das locadoras também não é para a massa. O que sobra, então pros que curtem cinema e não tem dinheiro? Globo, Record ou comprar o dvd pirata por 4 reais no camelô.

Indo além, muitos filmes (quando não são mega-boga sucessos) demoram de 2 a 4 meses para serem lançados nos cinemas aqui e alguns sequer o são. Pior, alguns não saem nem em DVD, ou a maioria das locadoras não possuem no seu acervo (salvo pela já famosa 2001), o que novamente incentiva a pirataria no Brasil. Séries são outro problema enorme, algumas demoram anos pra passar aqui e só passam em canais pagos. Na parte de música a coisa também é mais ou menos parecida, os CDs demoram para chegar aqui e quando chegam tem preços abusivos, o que faz com que a pirataria aumente e respectivamente, aumentem o preço dos CDs, sacaneando as poucas pessoas que ainda compram música. Porém, música não é algo tão caro de se produzir quanto audiovisual, então eu vou deixar um pouco de lado essa questão.

O que me inspirou a escrever sobre esse tópico foi uma notícia que li, dizendo que o rapaz que pirateou os quatro primeiros episódios de 24 horas e lançou num site da web uma semana antes da estréia do programa se declarou culpado e pode pegar até 3 anos de prisão. Eu li a notícia e pensei “nossa, que idiota!”. Em seguida, pensei bem, e falei “ah, mas bem feito!”.

Cara... Tudo bem, aqui no Brasil nós temos uma divergência de classe sociais que faz com que a “cultura” seja basicamente distribuída para as classes A e B, e a massa não tenha acesso, obrigando de certa forma a pirataria a existir. Agora qual a justificativa de um escroto desses? Quer dizer... o cara mora nos Estados Unidos, a série vai estrear em uma semana e ele vai poder assistir quando quiser, assim como os caras que baixaram os arquivos da internet, e mais, sem pagar nada por isso. PRA QUÊ o cara precisa piratear? Ansiosidade? Ou pra falar que ele é fodão?

Não sou o defensor dos estúdios de televisão, mas na gringa é diferente daqui. A maioria das séries são produzidas por produtoras independentes, que investem uma fortuna para fazer séries bacanas e tentar vender para os canais de televisão, que por sua vez, só compram essas séries porque vão obter retorno através de publicidade. Daí vem um escroto desses, e lança, uma semana antes da série estrear, os quatro primeiros capítulos na net e a produtora, o estúdio ou a TV tem um prejuízo bizarro. E a mesma coisa vive acontecendo com cinema por lá. E também com música.

Tudo bem, foi algo “pequeno”. Afinal, o número de pessoas que baixam as séries, filmes é menor do que os que assistem na TV ou no cinema, porque lá eles tem grana pra ir no cinema e é algo que todo mundo pode e gosta de fazer. Mas essa é uma cultura que vem crescendo cada vez mais, e se atitudes não forem tomadas, de duas uma: ou as séries/filmes agora vão ser totalmente dominadas por merchandising de todos os produtos do planeta para suprir a falta de publicidade, ou os prejuízos de exibição, ou então vão diminuir a produção e a qualidade para baratear ou eliminar os custos.

Isso, fora a frustração dos criadores e dos caras que desenvolvem os projetos, já que suas expectativas são furadas por um babaca que libera seu trabalho antes do prazo correto.

Agora, um tempo atrás tentaram aprovar no congresso brasileiro uma lei que beneficiaria o audiovisual brasileiro, obrigando que por volta de 30% da programação de todos os canais fosse de produção nacional e independente, o que movimentaria de forma absurda o mercado de produtoras além de beneficiar roteiristas desconhecidos mas com boas idéias. Essa lei foi vetada pela Rede Globo. Quer dizer, um cara, um dos “diretores” da Globo esteve passeando por dentro do nosso parlamento e influenciando os votos dos responsáveis. O resultado, lógico, é que a lei foi colocada de lado.

Imagina então se ela entra em vigor aqui no Brasil, e começamos a produzir séries bacanas de verdade (sem ser essas porcarias de época), investir dinheiro nesse tipo de coisa, e então começam a piratear esse material? É batata que cessa o investimento. Se as gravadoras que não investem em um CD nem metade do que uma produtora investe pra fazer um filme/série estão todas quebradas e tomando prejú, imagina o que não ia acontecer do outro lado?

quinta-feira, julho 05, 2007

A mulher perfeita, por Woody Allen

Alguns dos personagens de cinema mais interessantes que eu já vi foram criados ou desenvolvidos pelo diretor Woody Allen. Mais recentemente, os personagens principais de Match Point, Chris Wilton e Nola Rice são especialmente interessantes. Chris, interpretado por Jonathan Rhys Myers, parece passear pelos cenários e pela história lentamente, com a cabeça baixa e em silêncio, como se pouca coisa fosse realmente importante. Claro, isso faz parte da filosofia do personagem sobre a “sorte”. Já Nola Rice, interpretada pela espetacular Scarlet Johanson, faz o tipo de mulher que qualquer homem se apaixonaria perdidamente – e ela sabe disso.

Pergunte a qualquer membro do sexo masculino sobre quais os tipos de mulheres que os deixam bobos e a grande maioria, se não a totalidade, vão citar o tipo de mulher representado pela Scarlet nesse filme. Uma mulher decidida, de atitude, mas que ao mesmo tempo possui uma fragilidade latente – algo que, falando de forma mais “animal”, faz soar nos homens o instinto natural de proteção. É o tipo de garota inteligente e interessante, mas ao mesmo tempo feminina e frágil, que dá vontade de levar para casa sem parecer algo entediante. Isso, descartando totalmente o fato dela ser espetacularmente bela, algo que no próprio filme o Woody Allen tira sarro em um diálogo em que a personagem fala sobre sua irmã, dizendo que enquanto ela é simplesmente sexy, a irmã possui uma beleza clássica. O que é, obviamente, uma referência a própria Scarlet, que possui uma estilo de beleza “clássica hollywoodiana”.

O motivo que me fez escrever esse post foi um dos diálogos do filme. Eu estava zapeando pela TV e passei pelo Cinemax, onde o filme estava mais ou menos na sua metade. Decidi assistir um trecho e pude ver novamente esse diálogo, que sempre me soa extremamente interessante. Estão os dois personagens bebendo em um bar, depois do teste de atriz de Nola (em que ela vai mal), e falam sobre a situação deles com as suas respectivas famílias e “in-laws”.

Nola diz que o Cris vai se dar muito bem na vida, a não ser que ele estrague tudo, ao que ele indaga: “E como eu estragaria tudo?”. Ela, brincando com uma mecha de cabelo de forma extremamente sexy responde “Tentando alguma coisa comigo.”. Ele pergunta porque ela acha que algo assim aconteceria, e entra em cena um dos traços mais interessantes dos diálogos do Woody Allen, a mulher “poderosa” que ele parece valorizar sempre nos seus filmes, ela responde “Os homens parecem sempre desejar. Eles acham que eu seria de alguma forma especial”, ele responde perguntando se ela é, e ela diz “Bom, ninguém nunca pediu o dinheiro de volta”.

Essa cena inteira é muito boa, mas esse diálogo é matador dentro do enredo do filme.

As questões narrativas de lado, esse diálogo exemplifica o que eu disse antes. A personagem Nola Rice é um estereótipo da mulher que deixaria qualquer homem de quatro, não por ser a Scarlet Johanson, mas por conta da sua personalidade – a somatória de peculiaridades boas e ruins que formam a sua psique, traços esses que são os que, de alguma forma, mais mexem com o outro sexo. Por ser uma personagem do Woody Allen, ela SABE que é tudo aquilo (normalmente esse tipo de garota não tem tanta idéia assim), e tira um barato da cara de todos os homens que estão assistindo o filme – todos! E não só do Chris.

Bacaníssimo.

quarta-feira, julho 04, 2007

Eu vou reclamar de novo...

Eu tenho uma pergunta.

De todas as vezes que você planeja alguma coisa, quantas vezes ela sai do jeito que você queria? Quer dizer... as vezes você tem um plano, tipo o Cebolinha, saca? Você passa alguns dias pensando em como fazer acontecer do jeito certo, então você traça mentalmente algumas possibilidades e alguns problemas e as formas de resolvê-los, dai toma coragem e bota as engrenagens pra funcionar. Quantas vezes as coisas realmente funcionam do jeito que você esperava?

Não sei se é só comigo, mas sempre que planejo fazer alguma coisa é inevitável que ela dê errado. Verdade seja dita, eu tenho vinte e um anos e não há nada de diferente na minha vida a pelo menos uns três ou quatro - sequer consegui terminar de tirar a carta de motorista (desisti no meio), o que por si só já revela a ponta da pateticidade da situação. Na verdade, é batata, é só eu planejar alguma coisa que, não importa o motivo, sempre acontece algo para me frustrar.

Da forma que eu vejo só existem dois tipos de pessoas. Aquelas que planejam as coisas, e as que reagem de acordo com o que acontece. Não entro nem na questão de ativo/passivo, não é nesse ponto que eu quero chegar, porque quem reage as situações não é uma pessoa passiva, passivo é o que se deixa levar por elas sem tomar atitude alguma. Normalmente, quando eu desencano e deixo as coisas acontecerem, e então só reajo, eu costumo ficar mais satisfeito. É como se você não esperasse por nada, então tudo é bacana e surpreendente. As atitudes que eu tomo na hora que surgem as situações normalmente tem resultados melhores do que as planejadas. As vezes (frequentemente) eu embaralho tudo e faço merda, mas tudo bem, isso dá pra arrumar.

Acho que a minha maior dificuldade é que não sou uma pessoa do tipo “ativa” no sentido de responder prontamente a um estímulo. Eu faço mais o perfil da pessoa que gosta de pensar um pouquinho sobre o assunto, o que normalmente funcionaria bem para alguém que planeja, mas não para alguém que reage. Além disso, eu tenho alguns problemas dignos desse tipo de perfil, como por exemplo a preguiça (que não consigo controlar), ou o medo (que aprendi a lidar), entre outros, que fazem com que algo que deveria ser teoricamente simples se torne muito mais complicado. Quando você é do tipo planejador, você pode ser medroso e preguiçoso porque as coisas levam algum tempo para acontecer, mas se você levar a diante, elas dão certo. Comigo não. Por outro lado, se você é do tipo que reage, normalmente não tem tempo para confrontar essas questões ou a oportunidade passa (ou você faz merda).

Frustrante, né? Eu sei. Faz parte. Toda vez que acontece algo que me frustra eu prometo pra mim mesmo que vou parar de planejar, que vou deixar as coisas acontecerem e reagir as situações (alguma coisa de destino, que eu não acredito), mas é muito difícil conseguir, porque vai muito contra o que eu sou. Então cada esforço é exaustivo. Acho que o que salva, é o fato de embora caiba perfeitamente no perfil de quem planeja, eu sou extremamente ansioso. Coisa de gordo. E essa ansiosidade acaba manifestando uma impulsividade, que facilita reagir às situações. Porém, por não ser um impulsivo por natureza, e não saber controlar isso do jeito certo, acabo atraindo traços como o afobamento e a imprudência – e ai cometendo erros que me frustram igualmente.

No final, eu fico frustrado dos dois jeitos. Frustrado e entediado. Vai entender.

sexta-feira, junho 29, 2007

O Poderoso Chefão

Acho que a maioria das pessoas que me conhecem, sabem do meu estilo favorito de cinema. Eu gosto dos filmes que soam de alguma forma introspectivos, que se comunicam através da sua linguagem e fazem uma abordagem mais firme sobre as relações sociais e a comunicação de uma forma que você consiga tomar liberdades e discutir a mensagem, eu gosto do que gera discussão, dentro desse campo social.

No entanto, ao contrário do que a as pessoas devem achar, minha trilogia favorita não tem nada a ver com isso. Aliás, até tem, mas a maioria das pessoas deixa de lado em prol de todo o ambiente que o filme cria. Existem diversas trilogias declaradas e não declaradas no cinema, e que por incrível que pareça, não se restringem somente a Senhor dos Anéis, Indiana Jones, Rambo, Duro de Matar e Matrix. As mais conhecidas são essas, mas temos também a Trilogia do Mariachi, do Robert Rodriguez, composta pelos filmes El Mariachi, Desperado e Era Uma Vez no México. Temos a Trilogia da Morte, do cineasta Gus Van Sant, que contém os filmes Gerry, Elephant e Last Days. Tem também aquelas famosas, de ficção ciêntifica, como Star Wars e De Volta Para o Futuro.

Seguindo minha preferência por filmes, seria óbvio deduzir que a minha trilogia favorita seria a trilogia dos filmes do Iñárritu, de Amores Perros, 21 Gramas e Babel. Não é. Minha trilogia favorita é O Poderoso Chefão. Nenhuma surpresa, na verdade. Essa é provavelmente a trilogia favorita de metade do planeta. Supõe-se então que nada que eu vá dizer a seguir é realmente importante ou novo, e isso é verdade.

Porém, me sinto na obrigação de faz um post sobre O Poderoso Chefão, visto que cinema é um dos meus assuntos mais freqüentes. O Poderoso Chefão é um filme espetacular, é um filme que dentro de sua linguagem perfeita trás lições de moral sobre honra, sobre família, sobre poder, sobre redenção. O personagem principal dos três filmes é Michael Corleone, que é interpretado pelo “diabo” Al Pacino-o-maior-ator-vivo-hoje (e não é de estatura), que assume a “cadeira” da família após a morte do pai, Vito Corleone, interpretado por Marlon Brando-o-maior-ator-que-já-viveu (em estatura e circunferência também).

Michael passeia por todo o filme lutando contra si mesmo. Ele jurou que jamais tomaria a frente dos negócios, mas é forçado a fazê-lo para proteger sua família. No entanto, a sua família passa a odiá-lo por isso. Ele mata o próprio irmão, e essa sina vai acompanhá-lo para o resto da vida. A principal questão, na trajetória de Michael pelo poder (e ele adquire mais poder que o próprio pai) é o porque ele é tão temido, enquanto os outros Dons com os quais ele aprendeu são tão amados, quando tudo o que ele sempre quis foi somente proteger seus entes queridos. A temática é interessante, é sim um filme de Máfia, mas é mais que isso. Ele usa a Máfia como uma justificativa para falar de outros assuntos, diferente dos outros filmes do mesmo estilo, como Scarface, Os Bons Companheiros e Os Intocáveis, e é por isso que é um grande sucesso.

Mas não é só isso que me atrai no filme. Conforme você vai aprendendo um pouco sobre narrativa e sobre cinema, compreende que O Poderoso Chefão é uma obra audiovisual obrigatória na biblioteca de qualquer um. Isso acontece por conta da sua linguagem. Os filmes, ao contrário da grande maioria das outras obras audivisuais, e das outras trilogias também, possui uma mesma e única estrutura em todas as três partes. Todos os filmes começam com uma grande festa, nessa festa são apresentados os membros da família e situadas suas relações, instaura-se então o primeiro conflito, e a partir daí o filme se desenrola. Em todos eles vemos sempre a dificuldade de Michael em se relacionar com seus familiares, e fica claro também seu amor por eles. Dentro da linguagem do filme, existem pequenos ícones que indicam acontecimentos, como é o caso das laranjas.

Sempre que aparecem laranjas dá-se um prenúncio à morte de algum personagem importante, ou algo similar. Em todos os filmes um dos membros da família morre. Santino e Vito, Fredo e posteriormente Mary a filha de Micheal, e o próprio. A ordem que os fatos acontecem é muito similar nas três obras, o ritmo, que pode parecer lento, é como o embalo de um berço, te carrega até o ápice.

Perto do final, então, somos normalmente apresentados a uma cena razoavelmente longa em que você percebe que algo vai acontecer – todas as cartas foram mostradas, e o Michael tomou uma decisão, ele precisa agir. Então, durante algum momento de “paz” ou “festividade”, enquanto ele está sozinho em sua cabana ou no batizado de seu sobrinho, alguma chacina acontece. Ele manda matar os chefões da máfia ou qualquer coisa do tipo. Os filmes sempre terminam com alguma chacina ordenada por ele.

As últimas cenas normalmente mostram o Michael sentado em sua cadeira. Tornando-se Don, envelhecendo cheio de sombras e no fim, morrendo de ataque cardíaco já velhinho. Enfim, diversos motivos fazem o Poderoso Chefão um clássico, sejam eles seu roteiro conciso e sutil, a direção de fotografia e a escolha perfeita dos planos que fazem com que você se sinta parte da história, ou a direção lendária do Coppola, mas no final o que todo mundo gosta mesmo são das frases de efeito ;P. E pra terminar, deixo algumas aqui! Em inglês, lógico. E não são nem de perto todas. XD

Godfather I

Calo: In Sicily, women are more dangerous than shotguns.
Michael: That's my family Kay, it's not me.
Vito Corleone: Do you spend time with your family? Good. Because a man that doesn't spend time with his family can never be a real man.
Don Corleone: I spent my whole life trying not to be careless. Women and children can be careless. But not men.
Don Corleone: I'm gonna make him an offer he can't refuse.
Sonny: We don't discuss business at the table.
Don Corleone: I'm a superstitious man, and if some unlucky accident should befall Michael - if he is to be shot in the head by a police officer, or be found hung dead in a jail cell... or if he should be struck by a bolt of lightning - then I'm going to blame some of the people in this room; and then I do not forgive.


Godfather II

Michael Corleone: I know it was you Fredo. You broke my heart. You broke my heart!
Michael Corleone: I don't feel I have to wipe everybody out, Tom. Just my enemies.
Michael Corleone: If anything in this life is certain, if history has taught us anything, it is that you can kill anyone.
Santino: Your country ain't your blood. Remember that.


Godfather III

Don Lucchesi: Finance is a gun. Politics is knowing when to pull the trigger.
Michael Corleone: No! Never hate your enemies. It affects your judgment
Michael Corleone: He should be careful. It's dangerous to be an honest man.
Michael Corleone: You were so loved, Don Tommasino. Why was I so feared, and you so loved? What was it? I was no less honorable. I wanted to do good. What betrayed me? My mind? My heart? Why do I condemn myself so? I swear, on the lives of my children: Give me a chance to redeem myself, and I will sin, no more.
Michael Corleone: Never let anyone know what you are thinking.
Michael Corleone: When they come... they come at what you love.
Michael Corleone: Your enemies always get strong on what you leave behind.

terça-feira, junho 26, 2007

The ever stormy seas...

Pegando onda na mania “piratícia” que surge toda vez que sai um filme do Piratas do Caribe, surge-me uma visão do mundo interessante, firmemente relacionada ao conceito de mar, e água, que é claramente o elemento regente do nosso planeta.

Ouvi uma expressão em um filme, hoje mais cedo. Não era bem uma expressão, no caso, era mais uma afirmação referente a situação que o rapaz, um médico em um navio negreiro, passava. “The ever stormy seas”, a tradução é “os mares sempre turbulentos”, ou tempestuosos. Por si só isso não quer dizer nada. Metaforicamente, é uma analogia interessante a se fazer dada a narrativa do filme, e da maioria das narrativas em geral, que cabem bem como forma de representação das nossas vidas.

É comum que nossas vidas muitas vezes sejam como o mar. Uma seqüência de uma mesma propriedade, o tempo, sobre a qual navegamos sempre em busca de um objetivo ou meta pessoal, ser feliz, por exemplo. Ou conseguir uma promoção no trabalho, encontrar o amor de nossas vidas, ou qualquer um desses clichês. Então, percorrendo essas tais águas, podemos encontrar pelo caminho surpresas boas ou ruins, descobrir um continente ou ser atacado por outros navios, podemos encontrar um mapa de tesouro ou uma besta abominável, independente do que seja, no nosso percurso existe sempre a possibilidade de encontros e situações que não temos total controle sobre.

Temos o timão em mão e direcionamos nosso barco pelo mar, damos uma direção. Seguimos um caminho. Até calculamos e planejamos com mapas o nosso destino, mas o acaso é um fator indiscutível. E ninguém controla o acaso, ou talvez Deus, se você acreditar em um, mas ai deixaria de ser acaso. É óbvio que nesse percorrer, adquirimos experiências no controle de nosso barco, enfrentamos problemas de fome e rebeldia, e podemos até aumentar a capacidade de carga que estamos habituados melhorando a qualidade do casco, carga física ou emocional, não importa.

Não há nada de novo no mar como analogia da vida, mas o que é interessante nessa frase, “the ever stormy seas”, é o “ever stormy”. Ou, o sempre turbulento. Sempre, de desde sempre, para sempre, por todo o sempre. Adiciona-se, então, um pequeno agravante pessimista, que particularmente me agrada, à analogia do mar. O fato de estarmos sempre enfrentando mares turbulentos, ou mais claramente, grandes dificuldades.

O mar se move em ondas e correntes. Grandes ou pequenas, fortes ou fracas, são elas que o movimentam. O tempo também. A intensidade dessas ondas, a sua agressividade, é subjetiva, e faz parte do ponto principal da discussão. Em mares calmos podemos chegar com alguma tranqüilidade no próximo porto. Mas com mares sempre turbulentos, entre um porto e outro, existem momentos gradativamente terríveis de dificuldade. É um percurso difícil de se superar, as ondas são maiores e agressivas e muitas vezes perdem-se peças importantes jogadas ao mar, ou atingidas por um raio, ou até mesmo amotinadas. Porém, a gratificação e o sentimento de superação ao chegarmos no nosso próximo “porto seguro” é maior do que se a viagem fosse tranqüila.

Lidando frequentemente com os mares sempre turbulentos aprendemos a superar as adversidades do tempo e desenvolvermos nossas características pessoais. O momento que crescemos como pessoas sociais não é quando estamos seguros em nosso porto, e sim quando enfrentamos os mares turbulentos. São eles que nos ensinam as principais lições. E são eles que nos fazem valorizar e desejar o próximo pedacinho de mato e terra que encontrarmos no caminho.


O mais engraçado é que eu nem sei nadar.

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Pós-Escrito:

Férias tem suas vantagens, parece que eu volto a me inspirar um pouquinho, ter novas idéias e tempo para desenvolvê-las um pouquinho, o que me permite atualizar essa birosca com mais tempo.

Aliás, estou anotando todos os filmes que eu assisto durante um mês. Quero ver quanto tempo eu perco com essas coisas. Aliás, tempo é uma coisa recorrente depois que assisti “A Fonte da Vida” do Darren Aronofsky. Achei bem legal, ao contrário das críticas. Um romance bem bacaninha e conceitual.

sábado, junho 23, 2007

O Labirinto do Fauno

Veja bem, eu não costumo dar muita trela para crítico de cinema. Todo mundo sabe que vira crítico quem não tem habilidade para ser outra coisa mais, nem sequer roteirista, que não é lá muito difícil se você sabe escrever (e para ser um crítico, espera-se que ao menos isso você saiba) – sem julgo de valores aqui, o roteirista medíocre (eu) e o Quentin Tarantino estão colocados no mesmo grupo.

Fato é que eu aluguei três filmes para assistir, são eles: o filme épico russo Wolfhound (O Último Guerreiro, em português), que é lá alguma coisa de interessante, considerando que os caras são russos, e que na Rússia as únicas coisas que prestam são a vodka e os submarinos; e Fearless (O Mestre das Armas), esse, ao invés de Russo, é Chinês - estrelado pelo Jet Li, o filme é bacaninha também, tem toda uma lição de vida sobre o “wushu” tentando ser passada por um cara que como ator é mediano e como artista marcial é divino e que espalhou por ai que esse é seu último filme de luta.

Chegamos então ao terceiro filme, El Laberinto del Fauno (O Labirinto do Fauno). Após assistir o filme eu corri para meu computador recém formatado e fui procurar alguém para dividir o que eu sentia no msn, e não encontrei. Então, tomado pelo ímpeto da discussão, fui procurar por críticas na internet... L
i duas críticas e desisti. Eu procurei pelas críticas, óbvio, em um site escrito por jovens/adolescentes estudantes e amantes de cinema - dos quais um dos meus mais queridos amigos de faculdade faz parte, - site esse que não colocarei o nome aqui. Pensei que por eu ser relativamente jovem teríamos mais ou menos a mesma sensação ao assistir o filme, ledo engano.

A justificativa maior de ambas as críticas para uma nota diferente de 10, que é a que o filme merece, é a de que ele é “longo de mais”. Mais que caralhos? Longo de mais? Duas horas de filme não é “muito tempo” pra uma geração regada a “Senhor dos Anéis”, “Piratas do Caribe” e “Kill Bill”. Aliás, se fosse uma geração regada a Bergman e Fellini ainda não seria muito tempo, porque afinal, os “clássicos” como “Morangos Silvestres” podem ter uma horinha mas parecem demorar umas seis horas pra terminar, ao contrário do Labirinto, que pareceu durar 15 minutos.

Eu sei que qualquer comentário sobre esse filme vai parecer atrasado, afinal, até o Oscar já premiou o filme – e eles já não costumam ter o timing muito bom! Enfim, escrevo só agora, porque finalmente tomei vergonha na cara comecei a assistir os filmes que perdi esse tempo que fiquei “ausente” das locadoras (tudo graças a promoção da Blockbuster de pagar 70 pilas e poder alugar, de 3 em 3, quantos dvds você quiser por um mês).

Então vocês estão pensando: se você sabe que vai parecer atrasado, porque não para por aqui? E eu respondo: porque eu não to afim, certo, jow?

[ - OBSERVAÇÃO – A partir daqui surgirão irremediáveis spoilers sobre a trama. Na verdade, nem vale a pena ler tudo o que eu escrevi, juro. Você vai se arrepender. Pode optar por pular só pro negrito lá embaixo e captar o espírito, ou então, pode ler tudo e depois me xingar. ]

O Labirinto do Fauno é sem dúvida um dos filmes mais interessantes que eu assisti nos últimos anos. Não vou entrar nos aspectos técnicos e enfadonhos como montagem e edição, a composição dos campos e a direção de arte espetaculares, porque nem foi isso que me atraiu mais. O Labirinto do Fauno é um filme de horror. Horror psicológico. Ao menos para as pessoas sensíveis, se é que ainda existe alguma no mundo (desde que o terceiro Piratas do Caribe matou uma criança nos primeiros cinco minutos de filme e talvez uma ou outra pessoa que eu conheça tenha se emocionado/arrepiado com a cena, passei a achar improvável que existam muitas). O que mais me impressionou, portanto, é a forma como um filme de horror como esse consegue ser ao mesmo tempo tão bonito.
Para quem não viu, o filme começa com uma narração over de uma história sobre um mundo de conto de fadas, em que uma princesa foge do seu reino e vem para o mundo “exterior”, lá ela morre. Seu pai, então, decide aguardar seu “retorno” em um novo corpo para trazê-la de volta para casa. Passamos a acompanhar, a partir daí, a história de Ofélia (não, não é a mãe do Murilo), uma garotinha simpática apaixonada por contos de fada que junto de sua mãe carente e grávida vai ao encontro do padrasto recém adquirido, um dos comandantes do exército nacionalista espanhol do generalíssimo Franco. O que nos dá a ambientação – meados da década de 40 em plena a guerra civil espanhola, aquela que já foi retratada até por Picasso.

O tal padrasto, Vidal, está acampado nas margens de um bosque, num casebre antigo, tentando conter um grupo rebelde nas proximidades. Vidal é um dos piores violões do cinema contemporâneo, sádico e rígido, provavelmente foi abusado sexualmente quando era criança, mas isso não vem ao caso. A mãe, Carmen, tem complicações sérias na gravidez e corre risco de vida. Próximo ao casebre existe um Labirinto. Ofélia passa a ter contato com um animal primeiro retratado como um inseto nojento, mas que ela reconhece como uma fada. A fada a leva até o centro do Labirinto, aonde existe o último dos portais que o pai da garotinha do começo do filme deixou aberto para que a filha voltasse, nesse portal, ela encontra nada mais nada menos que Pan, o Fauno.

E quando eu digo Pan, o Fauno, eu digo uma criatura medonha, bizarra e assustadora, com dentes ameaçadores e chifres enormes. Esquece tudo o que você viu no desenho do Jovem Hércules, esse Fauno é de meter medo em criancinhas sem dó nem piedade. Eu teria pesadelos para sempre. O tal Fauno reconhece a menina como a filha do tal rei, e diz que para que ela prove que não virou uma mortal ela deve cumprir três tarefas, e então poderá retornar ao seu reino. Sacaram né? Vai todo mundo achar que o Fauno é mal. Lógico, o bixo é horrendo, ele tem que ser mal, certo? PAN! Errado!

Whatever, a história do filme essa. A mãe ta morrendo, o padrasto é o capeta e o único cara que pode te salvar é um bixo grotesco, só que para isso você precisa fazer três tarefas bizarras. Porque um filme desse é tão bacana? Porque ele não é nada disso. Quer dizer, ele diz pra você que é... Só que ele ta tirando sarro da sua cara.

O filme é muito mais maduro, ele trata do caminho nobre que podemos percorrer até a nossa morte, mesmo nas maiores adversidades, mesmo no pior dos climas, mesmo errando um pouco no caminho. Ele fala de um retorno à inocência mostrando o inverso, a feiúra e a violência do mundo. Existe duas elipses claras no filme, que são: a forma como ela entra no quarto do padrasto para buscar o irmão mesmo com a porta “trancada” e o cara “lá dentro”; e a mãe melhorar subitamente da doença após a macumba da Ofélia, e morrer quando o padrasto queima a macumba. Não fosse por isso, poderíamos afirmar com toda a certeza que esse mundo de fantasias que a garota vive não é nada mais do que uma fuga da realidade, a forma que ela encontrou para se refugiar da sujeira do “exterior”, embora o mundo de fantasias por si só seja um reflexo claro dessa “sujeira”, onde até mesmo as fadas são criaturas medonhas – embora amigas.

O filme é emocionante. O caminho que ele toma é de certa forma inesperado, embora todas as velhas características clássicas do “herói” estejam de alguma forma lá, elas ainda te surpreendem um bocadinho. O que eu escrevi, escrevi, escrevi, e não consegui dizer direito, é que a mensagem que o filme tenta passar é linda: a única forma de sobrevivermos como seres sociais emocionais – o resgate dessa sensibilidade que foi perdida – é através do cultivo de um olhar inocente.
Até mais.

quarta-feira, junho 13, 2007

Dia dos namorados!

Feliz dia dos namorados!

Quer dizer, pros que tem namorados(as) e lêem isso aqui. Para os que não tem, paciência. Eu sou um deles mas já aprendi a lidar melhor com esse dia.

Já tive um problema sério com ele, aliás, houve uma época em que os dias mais depressivos pra mim eram o dia dos namorados e o reveillon, porque meus relacionamentos todos costumavam começar depois do dia dos namorados e terminar antes do reveillon, o que significava que eu passava esses dois dias de “festa entre casais” sozinho (sentimentalmente falando, normalmente passava com amigos farreando).

Eu também já tive um problema sério, especialmente com dia dos namorados, quando eu era mais moleque. Eu achava uma tremenda baboseira “capitalista”, um dia feito somente pra preencher um mês que não possui nenhuma festividade que obrigue você a fazer compras desesperadamente, funcionando somente para impulsionar o mercado. Hoje em dia não vejo nada errado com isso, na verdade até apoio.

A única coisa que me deixa um pouco (bem pouquinho) chateado é não ter pra quem dar presentes. Você até pensa em algumas coisas que seriam muito bacanas de dar mas não tem pra quem (certeza que vai aparecer algum engraçadinho[a] dizendo “Dá pra mim Gabs!”, vai ter resposta mal educada einh? U.u). Pra isso eu descobri uma solução à uns dois anos atrás, quando terminei meu último namoro – dar presentes pra si mesmo. Não é a mesma coisa, mas é bem bacana, eu costumo antes ou um pouco depois do dia dos namorados fazer umas compras de roupas ou algo desse tipo (nada de livros, cds, dvds, etc...), me sinto bem melhor. Consumismo ownz. Esse mês to esperando até o próximo fim de semana ou algo assim pra ver se os preços dão uma caída, é sempre bom esperar um pouco depois das festividades porque eles precisam se livrar do estoque. HAEUAE.

Ah, meu celular reviveu. Agora não tenho mais desculpas pra comprar um celular novo, vou ter que me contentar com a inveja de ver os meninos trocando mp3 e toques bacanas e manter meu modesto aparelho que não faz nada além de telefonar pras pessoas e mandar sms (a função dele, mas tudo bem). Fiquei pensando sobre esses aparelhos tecnológicos... tipo, iPOD que não rola vídeo, celular que não toca mp3, computador que não roda AVID (tipo o meu), gravador que não lê DVD (tipo o meu de novo)... eles tem a mesma significância de você só estudar e ir bem no colégio, sabe? Quando sua mãe vira pra você e fala “Não faz mais do que a obrigação!”. Poisé, esse tipo de coisa não faz mais do que a obrigação, mas tudo bem. Você vai bem no colégio e tá tudo certo também, mas sua mãe gostaria que você fizesse um curso de línguas e algum esporte de tarde do mesmo jeito que eu gostaria que meu PC tivesse um leitor de DVD e que o AVID não demorasse três meses pra abrir.

É por isso que eu jogo PSP. Dá pra jogar Everybody’s Golf, ouvir música, ver DVD e navegar na internet. Pelo menos nessa jossa a Sony acertou.

AH! Escutem 3lw – No More. BWAHAEUAE. Muito bom.

sexta-feira, junho 08, 2007

Não sei lidar com perdas...

Eu não sou muito bom para lidar com perdas. Quer dizer... eu consigo manter uma atitude racional na maior parte do tempo por mais que por dentro eu sinta pedaços do meu corpo sendo lacerados, mas pra tudo existe um limite e o meu também costuma chegar, e eu prefiro estar sozinho nesses momentos. É engraçado... como alguém que tem uma postura tão arrogante e escrota pode ser tão fraco e sensível como eu. Enfim... por algum motivo eu acabei percebendo que cada perda tem um “gosto” diferente.

Eu sempre fui mais apegado às mulheres da minha família. Talvez por isso eu tenha sofrido muito mais quando minha avó paterna morreu do que quando meu avô faleceu. Quando minha avó morreu senti como se parte de uma história bacana a quilômetros de distância tivesse morrido também, é engraçado como algumas pessoas são o vínculo que unem certos grupos ou assim parecem ser. Era mais ou menos assim que eu via a minha avó Rachel. Ela era, pra mim, o que me ligava a família de Belém, não que fosse menos ou mais importante ou que eu não consiga me relacionar com o pessoal de lá sem ela, mas é porque ela era a justificativa pra que eu pudesse rever meus primos e tios que eu gosto muito apesar da distância. Nós sempre íamos para Belém para ver minha avó, esse era o pretexto.

Do meu avô Francisco, infelizmente, eu conheci muito pouco. Não por falta de tempo, afinal, ele só morreu depois da minha avó, mas porque por mais que eu o amasse igualmente jamais consegui – depois de mais jovem, que é quando realmente nos lembramos das pessoas – me conectar com ele da mesma forma que fazia quando criança. É como se todas as lembranças que eu tenho dele estivesse ligadas as da minha avó, como se não tivéssemos nada somente nosso, o que eu acho um pouco triste. Mas pra tudo isso existe uma justificativa óbvia que é a distância.

Eu sou um homem que chora. Talvez eu tenha dificuldades em chorar na frente dos outros, mas eu choro. No meu quarto, que é o melhor lugar do mundo, porque é meu e aqui eu me sinto seguro. Choro com filmes, com livros, com histórias e me emociono de verdade com as coisas do mundo. Quando meu pai me contou que minha avó tinha morrido, eu chorei, mas o choro de perde é tão diferente do resto. E é tão angustiante. Quando recebi um telefonema da minha tia de Belém dizendo que meu avô tinha morrido e que não conseguiam encontrar meu pai foi diferente, eu não chorei de dor por meu avô ter morrido, eu me desesperei por ter eu que contar ao meu pai que o pai dele morreu, e pior, contar aos meus irmãos também (nisso, graças a deus, minha mãe ajudou). Eu espero que meu filho nunca tenha que contar para mim que o meu pai morreu, eu não desejo isso pra ninguém. E foi tão, tão difícil. Eu tremi e gaguejei, e quando a ficha realmente caiu e eu comecei a respirar errado no telefone meu pai já tinha entendido o que eu não sabia dizer direito.

Hoje minha primeira reação foi descrença. Foi estranho quando recebi a notícia, eu só consegui ficar em silêncio por um tempão. Me deu branco. Eu sempre achei que as pessoas que são mais próximas de mim iam viver para sempre. Por mais que me falem que as pessoas estão envelhecendo, que eu devia passar mais tempo com elas, eu simplesmente ignoro. E agora eu me sinto tão culpado por não ter dado mais atenção quando ela ainda estava aqui, por mais que ela tivesse todos os problemas que tinha. O pior é que eu sei que no máximo daqui a uma semana tudo vai voltar ao normal e eu vou ignorar novamente o fato de que minha mãe, meus avós, meu pai estão envelhecendo e não vou dar toda a atenção que eles merecem, visita-los todo fim de semana ou dizer sempre o quanto eu os amo.

Minha bisavó Dalila faleceu hoje. Eu só consegui chorar quando minha mãe chegou em casa e disse que o Matheus (ao qual eu tive de dar a notícia) estava arrasado e minha avó disse pra ele “Não chora Má, agora a Dadá deve estar jogando cartas com os anjinhos”. Que idiota. E agora eu não consigo mais parar. Minha bisavó foi quem me ensinou a jogar a maioria dos jogos de cartas que eu jogo. Ela, durante boa parte da minha infância, foi minha principal parceira e oponente de buraco. Isso não é pouca coisa tendo em vista que jogar cartas é uma das minhas atividades favoritas, principalmente buraco.

Eu não sou muito bom pra lidar com perdas então eu tento racionalizar, é lógico. Ela já estava muito idosa e senil. Nesses últimos quatro anos operou um câncer e uma fratura no quadril, se mudou trocentas vezes de um lugar pro outro porque era implicante e acabava discutindo com meu avô, minha avó, minha tia avó... E de alguma forma nós tentamos justificar dizendo que dadas as circunstâncias ela foi para um lugar melhor.

Eu que sou filho de judeus com católicos/espíritas e não acredito em religião nenhuma só posso concordar e esperar que seja verdade. Whatever... só precisava desabafar.

segunda-feira, maio 28, 2007

3:33

Só pra constar,

Acabei de assistir Click pela primeira vez. Levantei do sofá relativamente satisfeito, dei a volta no mesmo e olhei sem querer para o Nextel da minha mãe carregando em cima da cômoda. Eram 3:33.

Creeeeeeeeeepy.

E eu nem acredito muito nessas crendices, mas vai saber...

quarta-feira, maio 23, 2007

Até mais, e obrigado pelos peixes!

Okay...

Eu tinha duas idéias para esse post. A primeira era levantar uma discussão séria sobre o estupro, após ficar um pouco abalado ao assistir o filme Terra Viva (eu tenho um problema claro com garotas bonitas e com ar de inocente sendo violadas por criaturas bizarras), a segunda, era falar sobre o próximo dia 25, sexta-feira.

Como estou com preguiça, no trabalho, e o assunto do estupro é extenso demais optei por falar sobre o dia 25.

Essa sexta-feira estréia Piratas do Caribe – At worlds End. Não suficiente, ainda é o aniversário da morte de um dos caras mais bacanas que já existiu no universo, Douglas Adams. Também conhecido por ser o escritor da trilogia de cinco livros “Hitchhiker’s Guide to the Galaxy”, aquele mesmo que tem os golfinhos que agradecem pelos peixes e o andróide maníaco depressivo (não preciso me dizer o quanto me identifico com o Marvin, não é mesmo?).

Pra quem não sabe, o livro fala basicamente das aventuras de Arthur Dent, um inglês (e isso resume tudo), pelo universo. O que envolve a destruição e reconstrução da Terra, perguntas sem resposta, o número 42 e – principalmente – toalhas!

O Guia dos Moxileiros diz o seguinte sobre toalhas (a tradução pode ser um pouco diferente do livro em português):

“Talvez um dos objetos mais úteis para um mochileiro interestelar. Em parte devido a seu valor prático: você pode usar a toalha como agasalho quando atravessar as geladas luas de Beta de Jagla; pode deitar-se sobre ela nas reluzentes praias de areia de Santragino V, respirando seus inebriantes vapores marítimos; você pode dormir debaixo dela sob as estrelas que brilham avermelhadas no mundo desértico de Kakrafoon; pode usá-la como vela para descer em uma jangada as águas lentas e pesadas do rio Moth; pode umedecê-la e utilizá-la para lutar em um combate corpo a corpo; enrolá-la em torno da cabeça para proteger-se de emanações tóxicas ou para evitar o olhar da Terrível Besta Voraz de Traal (animal estonteantemente burro, que acha que, se você não pode vê-lo, ele também não pode ver você - estúpido feito um burro, mas muito, muito voraz); você pode agitar a toalha em situações de emergência para pedir socorro; e naturalmente pode usá-la para enxugar-se com ela se ainda estiver razoalvemente limpa.

Por alguma razão, se um "strag" [gíria moxileira para não-moxileiros] descobrir que um moxileiro trouxe sua toalha, ele vai automaticamente acreditar que o moxileiro também trouxe sua escova de dente, flanela, sabão, caixa de biscoitos, frasco, compasso, mapa, bola de lã, spray, roupas para tempos chuvosos, traje espacial, etc... Por conta disso, o "strag" poderá então emprestar tranquilamente ao moxileiro qualquer uma dessas ou uma dúzia de outros itens que podem ter sido "perdidos" acidentalmente, sob efeito de que qualquer um que viaje o comprimento e largura do universo, brigue, pene, lute contra chances terríves de sobrevivência e vença e ainda assim saiba aonde sua toalha está é claramente um homem para se admirar"

A genialidade de Douglas Adams está em justamente conseguir transformar pequenas trivialidades em objetos interessantes. Um humor inteligentíssimo e ao mesmo tempo cativante. Seus livros tratam de coisas simples que foram mitológicamente transformadas em temas complexos – ou nem tanto assim – aonde as coisas podem ou não fazer sentido.

Você sabe que está num universo de Douglas Adams quando:

- O verdadeiro líder do universo é um homem simples e sábio vivendo numa cabana de madeira com seu gato.

- A Terra só existe porque os golfinhos fizeram uma campanha para salvá-la e arrecadaram dinheiro para construir uma substituta.

- Marvin the Paranoid Android é 37 vezes mais velho que o universo.

- A mensagem final de Deus é: “Desculpe-nos pela inconveniência”.

Dia 25 é o dia do aniversário da morte do autor, e é também o dia oficial da toalha. Por conta disso, existem “flashmobs” no mundo inteiro (inclusive no Brasil) que incentivam todos os fãs da série a saírem por ai e passarem um dia inteiro carregando suas toalhas junto de si mesmo. Eu não sou um cara de apoiar esse tipo de coisa, porém, estou realmente tentado.

Toalhas na estréia de Piratas do Caribe então? Hahaha...