terça-feira, setembro 23, 2008

Até que a Espanha não é tão ruim assim.

A primeira coisa a se perceber sobre a Espanha, e sobre o meu texto, é que ele provavelmente irá conter muito mais erros de grafia do que o costume. Isso se dá, principalmente, porque os espanhóis – por razoes que desconheço – não acreditam que nenhuma outra letra que não o Ñ mereça o uso de til. Não consegui entender ainda se é por algum fetiche, mas os teclados daqui nao tem a teclinha maledeta, e eu não faço idéia de como faz-se til usando o function. Aliás, eles também tem algum bloqueio com a cedilha, aqui ela só existe na versão maíuscula, o que é bastante desconfortável na leitura do texto.

A segunda e não menos importante coisa a se perceber sobre a Espanha, é que aqui, a moda do mullet não passou. Marcos Mion faria a festa em uma caminhada por Madrid. Todos os jovens são protótipos aprazíveis de chitaozinhos e chororós mirins, a única diferença é que ao invés de ouvirem sertanejo, escutam um tal de “ragaton” ou algo assim – à conferir.

Por último, talvez por culpa de desvios de criação que ainda não descobri (adendo: por algum motivo meu Word começou a corrigir as cedilhas e tils faltantes tentarei aproveitar ao máximo sua boa vontade e corrigirei acima) todos aqui – sem pular um – falam espanhol. O que é ruim, já que eu não falo, nunca falei, e provavelmente jamais vou conseguir aprender a língua. Mas descobri uma forma de me comunicar, é só pronunciar as palavras com os lábios mais próximos e cerrados o possível e com a voz ríspida, eles parecem se identificar e tentam compreender o que você diz com mais afinco.

Colocando tudo isso de lado, até que não é o pior lugar do mundo para se passar um tempo. As pessoas são bonitas, estilosas, e te dão coisas de graça eventualmente. Os homens não assobiam quando as mulheres atravessam a rua (mesmo porque, 90% são homossexuais), mas as mulheres sim. E nenhum carro tenta passar por cima de você enquanto tenta atravessar a rua – todos param e respeitam o pedestre coitado.

Tudo é muito próximo. Minha cidade tem 30 minutos de raio para qualquer lado, e Madrid fica a 30 minutos de distância. Em Madrid, de metro, você vai a qualquer lugar em 30 minutos. A bebida é barata, assim como a comida, e para minha felicidade existem salsichas (e agregados) de todas as formas imagináveis (falta só uma coxinha e um pastel de queijo pra ficar perfeito). A faculdade é linda e custa 2 mil euros por mês, o que invariavelmente me dá vontade de rir dos espanhóis mal-encarados... mal sabem eles que eu pago nem 400 euros.

O dia foi feito pra pessoas como eu, só amanhece as 8 e fica escuro depois das 10, excelente pra quem curte dormir o dia todo e acordar de noite – e ainda assim conseguir ver a luz do sol. Agora mesmo são 7h47 e ta começando a clarear. E eu to começando a ficar com sono.

Se a Espanha não é tão ruim assim, meu único pesar é saber que aqui me falta a minha melhor parte. Justamente a que mais me faz falta e a que me dá função. Essa parte, claro, é representada em boa parte pelos leitores desse canto – meus amigos e meus amores. E não ter-los perto é que me faz ter um pouquinho mais de saudades de casa.

Anyways, espero poder voltar a atualizar isso aqui em breve, não com relatos de Madrid, porque não é um blog de viajem, mas com os meus textos característicos. Agora com o laptop e entrando finalmente na rotina (uhu, vou pra faculdade ter aula pela primeira vez hoje =P) talvez me surja um pouco mais de inspiração.

Adiós ;P