quarta-feira, abril 30, 2008

Incondicional.


Me agrada a idéia de incondicionalidade – em todos os aspectos possíveis.

É engraçado, algumas vezes me pego pensando que quando mais procuro motivos e justificativas para as coisas, mais tenho que justificar, eu mesmo, o motivo para procurá-las com tanto afinco. Como se tudo devesse ter uma específica razão de ser. Não duvido que tenha, mas gostaria de aceitar o fato de que algumas não têm, ou se têm, são simplesmente complicadas ou surreais de mais para serem racionalizadas.

Às vezes, de tanto tentar encontrar a justificativa, as coisas acabam perdendo toda a magia, toda a graça.

Acho que parte de ser uma pessoa criativa ou alguém sensível é não tentar impor condições para que as coisas surjam. Tudo é válido. Não estou dizendo que as coisas nascem do nada, mas nosso próprio corpo e espírito (aos que acreditam nisso) se encarregam de fazer automaticamente boa parte do esforço de busca e acabam, hora ou outra, por gerar um estarrecedor e encantador “insight”.

Em um segundo, você é capaz de perceber coisas, ter idéias e sentir emoções que o condicionamento demoraria eras para alcançar. E isso é tão mais bonito e tão mais honesto.

Normalmente, as pessoas têm medo de reações incondicionais, talvez por não compreenderem sua lógica acreditam que elas sejam inferiores, erradas, vergonhosas ou qualquer coisa do tipo. Elas ficam abismadas com como alguém pode se apaixonar incondicionalmente por outro alguém totalmente diferente - como uma Estrela pode amar um balconista, utilizando o exemplo de Stardust -, ou como ao fechar os olhos e ouvir uma música no seu iPod você pode alcançar uma idéia, sem motivo nenhum, que resolva os problemas do projeto em que você está trabalhando.

Eu sou expert em sentir as coisas e depois ficar procurando motivos mil para justificá-las. Mas no final, tudo o que parece me importar, é a memória do momento em que eu percebi o que sentia, ou que tive a idéia, e o fato de ela não ter condição nenhuma para existir. Eu posso amar, intensamente, e não saber o porque, e isso me agride ao mesmo tempo que agrada – perco, como todos, tempo demais buscando entender o que não precisa ser entendido, e criando motivos, buscando referências, ou whatever e depois me arrependo.

Engraçado, percebi esses dias que a maioria dos meus filmes favoritos falam mais ou menos sobre isso, sobre como as coisas acontecem aparentemente sem motivo e os problemas que as justificativas e condições que ficamos criando e colocando causam, quando tudo era pra ser bem simples.

Constantemente, após o término de um namoro, por exemplo, me pego pensando nos motivos que me fizeram gostar da pessoa – sempre contra-argumentando internamente com seus defeitos e falhas, com todas as diversas razões que eu tinha para nunca me envolver com aquele alguém. Quando a coisa é mais intensa, eu me pego tentando criar uma imagem deturpada da pessoa, uma imagem pior, salientando seus problemas e defeitos, como se isso fosse uma condição para que eu conseguisse superar o que eu sentia.

Essas coisas não dão certo. Não pra mim, ao menos. Percebi que eu só consigo, finalmente, paz, quando aceito que sou uma pessoa que não precisa de grandes motivos e justificativas para agir de uma certa forma, gostar de certas pessoas e ter certas idéias, e que a vida não é como matemática – tudo necessita de uma condição anterior para chegar à um resultado, algumas coisas simplesmente são e é melhor desse jeito. E eu posso viver com isso, se quiser. Não preciso entender a raiz do processo que me levou à idéia, se ela for boa e com certeza não preciso desprezar alguém para não amá-lo mais, eu posso simplesmente aceitar que amo, sem motivos, e que vou amar até que não ame mais.

E se me perguntarem porque, e eu não souber responder, tudo bem. A felicidade pode ser incondicional também.

segunda-feira, abril 14, 2008

Buddha Bar


Aniversario F/Nazca.

quinta-feira, abril 10, 2008

Digo verdades brincando...




“Se você tivesse acreditado na minha brincadeira de dizer verdades, teria ouvido verdades que teimo em dizer brincando. Falei muitas vezes como um palhaço, mas nunca desacreditei da seriedade da platéia que sorria.”


Não existe uma forma mais bacana de se comunicar, ao meu ver, do que através do humor. Existem, é óbvio, vários tipos de humor muito característicos e que dependem totalmente da personalidade da pessoa, mas humor é fundamental. Eu, particularmente, gosto do meu humor – me comunico através dele, sempre. Não é que eu não fale sério nunca, ou que eu evite falar sério, mas acho que existem formas diferentes e menos agressivas de se passar uma mensagem importante além da pausa para uma conversa séria.

Você pode aprender muitas coisas prestando atenção no conteúdo e na forma das brincadeiras que as pessoas fazem umas com as outras. Aquele dito popular de que toda brincadeira tem um fundo de verdade é extremamente real. Toda brincadeira tem um fundo de verdade – e muito mais que isso.

Eu falo verdades brincando. A frase não é minha, e sim de alguém muito, muito superior – Charlie Chaplin.

Meus amigos sabem o quanto eu evito ao máximo contar mentiras, não gosto de inventar histórias para justificar coisa ou outra, eu acho que devo responder pelas minhas ações – e somente elas, e não vejo motivos para deixar de colocar minhas opiniões quando enxergo necessidade, mas dizer a verdade, muitas vezes, não é algo visto com muito bons olhos, ou entendido da forma como deveria ser.

As pessoas não aceitam muito bem críticas ou comentários verdadeiros sobre assuntos polêmicos ou questões que de alguma forma as atingem. Além disso, em alguns momentos, você se vê em uma situação que precisa contar algo que não gostaria ou que até gostaria, mas não sabe direito como. Para essas situações, eu utilizo o humor. É o melhor quebra-gelo que conheço, e faz com que suas colocações sejam menos intrusivas (ou mais, se for esse o objetivo), e mais bem aceitas.

Uma crítica bem humorada surte muito mais efeito do que uma crítica séria. O humor, por ser subjetivo, também costuma deixar um tom de dúvida pairando que as vezes é eficiente para situações que você quer que a coisa seja entendida de forma dúbia, ou fazer um misteriosinho, ou deixar a pessoa pensando no que você disse – querendo saber se é verdade.

O humor pode ser uma ferramenta bem mais agressiva também, um comentário carregado por um humor irônico ou satírico normalmente causa uma estranheza ou um incômodo. É uma excelente forma de provocação, e acredito que é mais ou menos nessa linha que o Chaplin vai...

Não na provocação per se, mas sem abandoná-la, ele brinca de dizer a verdade – esse é o passatempo dele (e meu também), e faz isso de uma forma cômica, engraçada e que por isso, muitas vezes, é ignorada. Acaba passando apenas como uma palhaçada quando na verdade existe toda uma mensagem por trás – isso as vezes serve até para selecionar as pessoas que você gostaria que compreendessem sua mensagem.

Essa frase é uma das minhas favoritas porque é uma das poucas que obtive identificação total e completa à primeira lida. Também sinto que as pessoas não levam muito a sério os meus comentários humorísticos sobre o assunto que seja, só porque os faço brincando e dando risada – mas poderia muito bem fazer chorando e soluçando, algumas vezes essa é até a minha vontade, mas não é minha abordagem e não combina com a minha pessoa. Não que isso seja de todo ruim, as vezes me sinto até confortável – e funciona como defesa – em dizer algumas coisas brincando com a certeza de que a pessoa não vai acreditar mesmo em nada do que eu disse, por mais que seja verdade, só porque foi em tom de brincadeira. É como se desse uma certa liberdade – ufa, falei, não importa se não levaram a sério.

O que importa é ter alguma pra dizer, e ser sincero quanto a isso. A escolha da sua forma de ser sincero é totalmente pessoal, e eu gosto da minha – e da do Chaplin também.

sexta-feira, abril 04, 2008

Os Arquétipos de Sedutor




Mudando um pouco o assunto costumeiro do blog, incentivado por meus coleguinhas de trabalho, vou dividir com vocês uma teoria bacana sobre o comportamento sexual do animal da raça humana na hora de tentar seduzir seus parceiros. Esse post caberia melhor no “Soh na Cretinage”, mas como por lá, aparentemente, tudo morreu, vai aqui mesmo.

Eu acredito que, independentemente de sexo, cada um tenha seu estilo próprio de conquista. Todos possuímos nossos charmes e nossas técnicas de sedução que são bem características e que conseguem refletir uma boa parte da nossa personalidade. No entanto, a grande maioria pode ser concentrada em uma divisão pequena de arquétipos – o grudento, o pegador, o agitador... enfim, pequenos grupos que concentram as pessoas com características similares.

Gosto de pensar nesses grupos, no entanto, com uma analogia simples ao futebol. Especificamente, ao futebol da seleção Argentina. Acho que a maioria dos arquétipos podem ser visualizados e compreendidos prestando-se atenção na forma com que os principais jogadores da Argentina jogam bola. Vamos por partes, leia os arquétipos e me diga se não concordam!

Arquétipo Léo Messi – todo mundo que entende um pouco de futebol sabe que o Messi é o grande jogador da Argentina hoje, ele é craque. Joga aberto pelas laterais, pega a bola e carrega do meio do campo, corta bem pro meio e dentro da área conclui muito bem. Tem chegada e vive de fazer gols. Assim como aquele cara que come pelas beiradas, mas sabe fazer bem o que ele faz, tem um bom arranque e uma boa chegada.

Arquétipo Carlito Tevez – é o feinho que dribla bem, sabe enrolar, escapar das adversidades, mas demora pra conseguir chegar na conclusão, rodando muito a bola. É o cara que bate a bola na trave algumas vezes antes de conseguir colocar pra dentro, e que até faz gol, mas é um martírio, todo gol é um gol sofrido.

Arquétipo Hernán Crespo – o Crespo é o matador da Argentina. Dentro da área, ninguém joga tanta bola quanto ele – com o pé ou com a cabeça, não importa, deu bobeira ele faz o gol. Ele se posiciona bem em campo e espera a hora certa de chegar ao gol. É a pessoa que realmente sabe o que faz, tem presença e pode até não aparecer tanto no jogo, mas quando chega é pra definir.

Arquétipo Román Riquelme –
o grande gênio do meio-campo, Riquelme é aquele que comanda o time da Argentina, um camisa 10 clássico: organiza bem o time, e controla bem a posse de bola, dá ritmo e cadência ao jogo, faz bons passes e excelentes lançamentos – quase sempre colocando seus amigos cara a cara com o goleiro, além de concluir muito bem à longa distância e bater faltas como ninguém. É o grande apoiador, ganha pelo charme, normalmente, num grupo, é a pessoa que sabe levar a conversa e arrumar as coisas pra que todo mundo saia ganhando, inclusive ele.

Arquétipo Mascherano – o Mascherano é o volante do time, o cara responsável por não deixar o time perder, e por isso, o jogador que gruda no atacante. Joga na marcação homem à homem até o fim do jogo e é o mais insistente possível no seu objetivo – roubar a bola. Acaba se dando bem por isso, com muita insistência e alguma raça, os atacantes acabam cedendo só para ver se ele os deixa em paz.

Arquétipo Gabriel Heinze – as vezes lateral, as vezes zagueiro, já jogou até como volante. O Heinze não sabe muito bem o que quer e vive jogando improvisado em várias posições - embora seu forte mesmo seja a marcação. Ele pode ser disperso, mas não deixa nada passar, é o que vai em todas as bolas, joga por todos os lados, e não importa o esforço que ele tenha que fazer, ele precisa sair ganhando, nem que pra isso leve 30 foras na mesma noite.

Arquétipo Pato Abbondanzieri – é o goleiro. Nem é tão bom assim, mas quando tudo dá errado é ele quem segura a bomba. Quando o time precisa que alguém represente, e precisa de alguém para confiar, ele é o primeiro a ser chamado. O Pato é bom pra segurar aquelas buchas que ninguém quer marcar. Corajoso, se joga na frente de todas as bolas – o importante é não deixar nenhuma entrar. As vezes toma um frango, mas faz parte. Os amigos agradecem, afinal, toda pessoa bonita tem aquele amigo/a feinho que alguém tem que cuidar.

E aí, qual jogador da Argentina é você?

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Agradecimentos aos colaboradores Adriana Dutra, Leandro Caro – do trampo, e Bruno Murilo – da facul. Estamos na mesma freqüência de demência ;P.

Na foto: Messi, Crespo, Zanetti e Riquelme de costas.

quarta-feira, abril 02, 2008

Just a little unwell.



“All day staring at the ceiling making friends with shadows of my own,
[O dia inteiro fitando o teto, fazendo amizade com sombras de mim mesmo]
All night hearing voices telling me that I should get some sleep,
[A noite toda ouvindo vozes me dizendo pra dormir]
Because tomorrow might be good for something.
[Porque amanhã pode servir pra alguma coisa.]

Hold on,
[Pera ae,]
Feeling like I’m headed for a breakdown.
[Parece que eu estou no caminho de me foder ;P]
And I don’t know why!
[E eu nem sei porque.]

But I'm not crazy, I'm just a little unwell
[Mas eu não sou doido, só tô meio mal]
I know right now you can't tell
[Eu sei que agora não dá pra você perceber]
But stay awhile and maybe then you'll see
[Mas fica um pouquinho e então você vai ver]
A different side of me
[Um outro lado meu.]
I'm not crazy, I'm just a little impaired
[Eu não sou maluco, eu só tô meio lesado]
I know right now you don't care
[Eu sei que agora você não se importa]
But soon enough you're gonna think of me
[Mas logo menos você vai pensar em mim]
And how I used to be...me
[E em como eu costumava ser... eu mesmo.]”



Nas últimas quatro semanas tenho ouvido “você só pode estar maluco” com uma freqüência maior do que o normal.

Não que algum dia eu tenha sido qualquer coisa próxima de normal, mas eu também não acho que seja totalmente surtado. Só tomei algumas decisões, reavaliei algumas situações, e estou tentando encontrar o melhor percurso de ações a serem tomadas ;P.

Ou não.

Na real, cansei um pouquinho de ficar tentando planejar as coisas e depois ficar torcendo pra tudo dar certo – quando não depende só de mim. Quem me conhece a mais tempo sabe que eu já tive uma fase de “foda-se” total, e uma fase de manipulação total. Eu estou ligeiramente tentado a ligar o foda-se novamente. A única coisa que me impede, ainda, é que eu deixei muita gente pra trás na minha última fase igual, e perdi muita gente importante, que hoje eu me arrependo.

Me falta aquele “balanço” do outro post.

Mas confesso que estou um pouco frustrado com a forma que as coisas estão atualmente. Que falta alguma coisa, eu sei, sempre falta, mas mais do que isso, parece que tudo o que eu me esforcei pra conseguir nos últimos tempos acabou não tendo o resultado que eu queria, nem minha troca de faculdades tem me agradado mais.

Por isso eu digo que queria sair fora, passar seis meses em algum lugar longe, embora alguns dos meus melhores amigos não gostem da idéia. Preciso de um tempo de férias de mim mesmo. Se algumas vezes eu nem eu me suporto, não sei como as pessoas conseguem andar do meu lado.

Essas últimas semanas estão servindo pra que eu tente encontrar, de novo, uma partezinha de mim que parecia ter se escondido, sumido. Uma parte que me fazia bem, e mal, mas que era minha e eu sabia como recorrer a ela quando precisasse. Ela não é a única que desapareceu, mas é a parte da minha personalidade que eu sinto mais falta agora. Por isso, não é que eu esteja maluco ;P, é só uma fase.

Eu ainda não mordo. Quer dizer, não pra machucar.


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PS1: A música de introdução é do Matchbox 20, chama Unwell.

PS2: Esse é o post de número 70 do blog ;P, wow. Logo, o anterior é o de número 69. Sugestivo. =XXX