sexta-feira, fevereiro 18, 2011



Você já esticou o braço para tentar alcançar uma coisa sabendo que estava distante demais para conseguir pegar. E então, concentrado, esticou todos os músculos até encostar a ponta dos dedos nela e pensou consigo mesmo como seria mais fácil com alguns centímetros a mais?

Então, reunindo uma força de vontade acima do comum, num sinal da mais profunda superação ou sob influência divina do destino, você a agarrou - fosse por um movimento de ombros que você desconhecia, ou uma manobra arriscada de movimento dos dedos, ou até mesmo um estalo repentino da sua coluna permitindo um pouco mais de mobilidade.

E um sentimento efusivo de felicidade preencheu seu peito, um sentimento de vitória, de conquista, e por dentro, você se gabou da sua força resoluta.

Mas você sabia que aquilo que você queria alcançar estava distante demais. Demais. Fora do alcance de qualquer gesto seu, qualquer movimento dos dedos, qualquer alongar da coluna. Seus dedos então tremeram, uma pontada de dor percorreu suas costas, sua manobra de ombro perdeu a consistência e você fraquejou - aquilo que você buscava, deslizou em câmera super slow motion pela palma da sua mão, escorregando na direção do vazio, afundando-se, distanciando-se e perdendo-se no escuro.

Qual seria a sua reação? Um grito de desespero? De susto? Um acelerar das batidas do seu coração? Um espasmo muscular involuntário na palma do pé? Você é um covarde?

Ou você levantaria da sua zona de conforto, saltaria no vazio de braço estendido e perseguiria o seu sonho até novamente alcançá-lo? Distante primeiro, depois com a ponta dos dedos, e por último, na palma da sua mão?