terça-feira, junho 23, 2009

My Way

Me cansa um pouco essa procura, essa história de buscar de arranha-céu em arranha-céu algum que dê a vista que eu quero, que me permita observar de cima, de um ângulo ousado e diferente, e não me limite na próxima janela, que me deixe apreciar um por do sol, que faça com que a espera do que vem por aí seja mais tranqüila.

Não gosto de me sentir acuado, preso entre monstros de concreto, gosto de poder enxergar longe e respirar fundo, de estender a mão, de abrir os braços sem encontrar resistência. Quero poder gritar e falar alto, falar o que eu quiser, balbuciar, reclamar, lamentar e não ter que me importar com as paredes de gesso, vidros finos e egos machucados.

Quero poder tomar tudo com as mãos, deixar a areia escorrer entre os dedos, me sujar, correr, pular. Deixar as coisas em um lugar sem me preocupar em quando vou voltar, se vão construir algo em cima da minha memória, e ver que mudou de repente e eu fiquei pra trás. Quero acompanhar cada mudança, e reconhecer o tom de verde de cada folha, o tom de azul de cada onda, o tom de amor de cada lágrima.

Quero não ter a insegurança de ter de usar pinos de segurança em tudo o que é meu, de travar o cinto, de usar capacete – que tudo o que eu precise é segurar uma mão, uma cintura. Quero poder atravessar a rua, ou não, poder escolher. Escolher qual o melhor caminho, onde é o meu ponto de convergência, o meu cruzamento, quero poder andar na diagonal, pisando exclusivamente nos quadradinhos pretos, pulando as linhas, e demorar o meu tempo para tomar a decisão de seguir adiante ou voltar para onde eu comecei.

4 comentários:

Liene disse...

O que você precisa é de alguns milhões.

Gabriel Cal disse...

Disso também! Aliás, amanhã einh... será que jogo?

Liene disse...

Eu jogo.

Slider disse...

Fuck. That. Shit.
Legal o texto! *claudio*