quarta-feira, dezembro 24, 2008

Um Natal de Opiniões

Eu adoraria ter o poder de regressar mentalmente ao passado da nossa formacao cultural e descobrir exatamente em qual momento da história o fato de se falar aquilo que se pensa sobre algo ou alguém perdeu seu sentido. Gostaria de entender em que momento deu-se a possibilidade de se julgar uma expressão sincera de angústia, de ódio, de felicidade, de amor com relacao a algo ou alguma pessoa como alguém mais do que aquilo que ele simplesmente é.
Eu tenho dois grandes problemas. Que juntos, constroem o grande paradigma da minha personalidade. Duas características que, juntas, se anulam mutuamente, e que me perturbam mais do que qualquer outra coisa.

A primeira delas é simples, eu nao sou capaz de mentir deliberadamente. Nao tenho a pretencao de dizer que todo o tempo eu falo a verdade, mas gosto de acreditar que em bons 90% do tempo tudo o que eu digo é real. Se eu faco um elogio, ele é sincero, se eu faco uma crítica, ela é igualmente sincera. Existe uma diferenca, entretando, entre um elogio e uma crítica de um simples apontamento da verdade. Deveria ser possível discursar-se sobre as diversas características que compoe uma pessoa sem que isso fosse visto como "o enaltecimento de uma qualidade" ou o que seja - é simplesmente uma afirmacao sobre uma característica real. Sem adjetivacoes, sem enaltecimentos. O mesmo vale para manifestacoes puras de tristeza, de mágoa, ou de dor que muitas vezes sao confundidas por "drama". Se uma pessoa diz tudo o que realmente pensa, como eu, quando eu digo que alguém é inteligente, nao estou fazendo um elogio. Quando digo que estou com dores terriveis, nao estou fazendo drama. Mas as pessoas nao conseguem entender isso muito bem...

Meu segundo problema é o fato de eu ser um medroso. Em todos os sentidos, eu tenho medo de experimentar novas comidas, tenho medo de histórias de terror, tenho medo de carros em alta velocidade... do mesmo jeito que tenho medo de dizer aquilo que eu penso quando - calmo e sóbrio - creio que isso vai magoar alguém de verdade, alguém que eu goste, e do mesmo jeito que muitas vezes tenho medo de me abrir com os outros - ou com alguém em especial. Sao passos dificeis, esses, para mim. Nao deveriam ser. Deveriam ser fáceis. Estando aí a comicidade do meu paradigma pessoal.

Deve ser engracado ver alguém que normalmente se expressa tao bem quanto eu, engasgando em palavras e omitindo sentimentos, embaralhando-se e contendo-se para preservar um status quo de relacionamentos, por medo do que uma atitude pode resultar.

Chegou o Natal, e eu gostaria de ser capaz de expressar minhas visoes sobre as pessoas que amo ou deixo de amar da forma como eu realmente penso, sem o medo de soar como critica ou elogio, como drama ou babacao de ovo. Apenas como um reconheciomento puro daquilo que cada um faz por merecer. Mas como eu sou covarde, só posso esperar que aqueles que eu amo se sintam um pouco mais amados nesse dia especial, sabendo disso ou nao. E que aqueles que eu por algum motivo deixei de amar, ou jamais amei, que aproveitem as boas inspiracoes do carinho coletivo que gera o Natal para refletirem sobre tudo aquilo que os cerca.

Feliz Natal e eu espero escrever algo antes do Ano Novo!

Um comentário:

Mai Saito disse...

Não to me sentindo mais amada por você! >=o


To paraaaando! >_<