sexta-feira, junho 29, 2007

O Poderoso Chefão

Acho que a maioria das pessoas que me conhecem, sabem do meu estilo favorito de cinema. Eu gosto dos filmes que soam de alguma forma introspectivos, que se comunicam através da sua linguagem e fazem uma abordagem mais firme sobre as relações sociais e a comunicação de uma forma que você consiga tomar liberdades e discutir a mensagem, eu gosto do que gera discussão, dentro desse campo social.

No entanto, ao contrário do que a as pessoas devem achar, minha trilogia favorita não tem nada a ver com isso. Aliás, até tem, mas a maioria das pessoas deixa de lado em prol de todo o ambiente que o filme cria. Existem diversas trilogias declaradas e não declaradas no cinema, e que por incrível que pareça, não se restringem somente a Senhor dos Anéis, Indiana Jones, Rambo, Duro de Matar e Matrix. As mais conhecidas são essas, mas temos também a Trilogia do Mariachi, do Robert Rodriguez, composta pelos filmes El Mariachi, Desperado e Era Uma Vez no México. Temos a Trilogia da Morte, do cineasta Gus Van Sant, que contém os filmes Gerry, Elephant e Last Days. Tem também aquelas famosas, de ficção ciêntifica, como Star Wars e De Volta Para o Futuro.

Seguindo minha preferência por filmes, seria óbvio deduzir que a minha trilogia favorita seria a trilogia dos filmes do Iñárritu, de Amores Perros, 21 Gramas e Babel. Não é. Minha trilogia favorita é O Poderoso Chefão. Nenhuma surpresa, na verdade. Essa é provavelmente a trilogia favorita de metade do planeta. Supõe-se então que nada que eu vá dizer a seguir é realmente importante ou novo, e isso é verdade.

Porém, me sinto na obrigação de faz um post sobre O Poderoso Chefão, visto que cinema é um dos meus assuntos mais freqüentes. O Poderoso Chefão é um filme espetacular, é um filme que dentro de sua linguagem perfeita trás lições de moral sobre honra, sobre família, sobre poder, sobre redenção. O personagem principal dos três filmes é Michael Corleone, que é interpretado pelo “diabo” Al Pacino-o-maior-ator-vivo-hoje (e não é de estatura), que assume a “cadeira” da família após a morte do pai, Vito Corleone, interpretado por Marlon Brando-o-maior-ator-que-já-viveu (em estatura e circunferência também).

Michael passeia por todo o filme lutando contra si mesmo. Ele jurou que jamais tomaria a frente dos negócios, mas é forçado a fazê-lo para proteger sua família. No entanto, a sua família passa a odiá-lo por isso. Ele mata o próprio irmão, e essa sina vai acompanhá-lo para o resto da vida. A principal questão, na trajetória de Michael pelo poder (e ele adquire mais poder que o próprio pai) é o porque ele é tão temido, enquanto os outros Dons com os quais ele aprendeu são tão amados, quando tudo o que ele sempre quis foi somente proteger seus entes queridos. A temática é interessante, é sim um filme de Máfia, mas é mais que isso. Ele usa a Máfia como uma justificativa para falar de outros assuntos, diferente dos outros filmes do mesmo estilo, como Scarface, Os Bons Companheiros e Os Intocáveis, e é por isso que é um grande sucesso.

Mas não é só isso que me atrai no filme. Conforme você vai aprendendo um pouco sobre narrativa e sobre cinema, compreende que O Poderoso Chefão é uma obra audiovisual obrigatória na biblioteca de qualquer um. Isso acontece por conta da sua linguagem. Os filmes, ao contrário da grande maioria das outras obras audivisuais, e das outras trilogias também, possui uma mesma e única estrutura em todas as três partes. Todos os filmes começam com uma grande festa, nessa festa são apresentados os membros da família e situadas suas relações, instaura-se então o primeiro conflito, e a partir daí o filme se desenrola. Em todos eles vemos sempre a dificuldade de Michael em se relacionar com seus familiares, e fica claro também seu amor por eles. Dentro da linguagem do filme, existem pequenos ícones que indicam acontecimentos, como é o caso das laranjas.

Sempre que aparecem laranjas dá-se um prenúncio à morte de algum personagem importante, ou algo similar. Em todos os filmes um dos membros da família morre. Santino e Vito, Fredo e posteriormente Mary a filha de Micheal, e o próprio. A ordem que os fatos acontecem é muito similar nas três obras, o ritmo, que pode parecer lento, é como o embalo de um berço, te carrega até o ápice.

Perto do final, então, somos normalmente apresentados a uma cena razoavelmente longa em que você percebe que algo vai acontecer – todas as cartas foram mostradas, e o Michael tomou uma decisão, ele precisa agir. Então, durante algum momento de “paz” ou “festividade”, enquanto ele está sozinho em sua cabana ou no batizado de seu sobrinho, alguma chacina acontece. Ele manda matar os chefões da máfia ou qualquer coisa do tipo. Os filmes sempre terminam com alguma chacina ordenada por ele.

As últimas cenas normalmente mostram o Michael sentado em sua cadeira. Tornando-se Don, envelhecendo cheio de sombras e no fim, morrendo de ataque cardíaco já velhinho. Enfim, diversos motivos fazem o Poderoso Chefão um clássico, sejam eles seu roteiro conciso e sutil, a direção de fotografia e a escolha perfeita dos planos que fazem com que você se sinta parte da história, ou a direção lendária do Coppola, mas no final o que todo mundo gosta mesmo são das frases de efeito ;P. E pra terminar, deixo algumas aqui! Em inglês, lógico. E não são nem de perto todas. XD

Godfather I

Calo: In Sicily, women are more dangerous than shotguns.
Michael: That's my family Kay, it's not me.
Vito Corleone: Do you spend time with your family? Good. Because a man that doesn't spend time with his family can never be a real man.
Don Corleone: I spent my whole life trying not to be careless. Women and children can be careless. But not men.
Don Corleone: I'm gonna make him an offer he can't refuse.
Sonny: We don't discuss business at the table.
Don Corleone: I'm a superstitious man, and if some unlucky accident should befall Michael - if he is to be shot in the head by a police officer, or be found hung dead in a jail cell... or if he should be struck by a bolt of lightning - then I'm going to blame some of the people in this room; and then I do not forgive.


Godfather II

Michael Corleone: I know it was you Fredo. You broke my heart. You broke my heart!
Michael Corleone: I don't feel I have to wipe everybody out, Tom. Just my enemies.
Michael Corleone: If anything in this life is certain, if history has taught us anything, it is that you can kill anyone.
Santino: Your country ain't your blood. Remember that.


Godfather III

Don Lucchesi: Finance is a gun. Politics is knowing when to pull the trigger.
Michael Corleone: No! Never hate your enemies. It affects your judgment
Michael Corleone: He should be careful. It's dangerous to be an honest man.
Michael Corleone: You were so loved, Don Tommasino. Why was I so feared, and you so loved? What was it? I was no less honorable. I wanted to do good. What betrayed me? My mind? My heart? Why do I condemn myself so? I swear, on the lives of my children: Give me a chance to redeem myself, and I will sin, no more.
Michael Corleone: Never let anyone know what you are thinking.
Michael Corleone: When they come... they come at what you love.
Michael Corleone: Your enemies always get strong on what you leave behind.

2 comentários:

Liene disse...

Ok. Em algum momento dessas minhas férias de mais de dois meses eu vou assistir o meu box.

Anônimo disse...

Eu não costumo postar em blogs, mas seu blog me obrigaram a, incrível trabalho .. lindo ...