quinta-feira, julho 26, 2007

Toujours, tout doux, tout doucement.

Eu não tenho pressa. Quem tem pressa é o tempo, e quem pode dizer abertamente que simpatiza com ele? Eu não. Eu tenho meu próprio ritmo, de música lenta e dançante, daquelas que a maioria dos garotos e garotas hoje em dia jamais dançou, coladinho com a menina que gostava no colégio, tímido e ansioso, sem saber direito o que fazer com as mãos e qual a distância segura dos corpos. Nada parecido com a batida agressiva, que embala os sonhos desses “jovens nervosos” e agitados.

Minha balada pessoal é observativa, inspira-se nos detalhes e pode às vezes se perder nessas pequenas coisas e esquecer um pouco dos pés. Diz-se por ai que os pés são essenciais. Não entendo muito bem de pés. Às vezes, parecem levitar lentamente ou, pesados, grudarem no chão de forma abrupta. O importante é lembrar que não se pode pisar nos pés de quem dança com você, mas quando acidentalmente o faz, pedir desculpas e continuar a dançar. A música é lenta, mas não para.

Eu me divirto alimentando a antecipação com uma ansiosidade de roer o estômago e arrepiar todo o corpo com fluxos crescentes de adrenalina. Quem tem pressa não aprecia a espera e perde boa parte do gosto da realização. Pode parecer estranho, vindo do garoto que fala, ri e briga de mais, mas isso não tem nada a ver com pressa. Apenas com aproveitar o momento – degustá-lo e extrair o máximo que puder, estende-lo ao limite.

“Sempre, tudo lento, tudo lentamente”, como na música em francês da moça talentosa de nome bonito.

Não me arrependo de passear calmamente, carregando o peso das minhas preocupações, mas lidando com uma por vez. E nem me arrependo do tempo que perdi com coisas que podem parecer menos importantes do que realmente são, mas que são minhas. Minhas memórias, minha experiência, e todos os momentos que ri, e fiz rir, chorei e fiz chorar.

Também não me arrependo pelo tempo que não gastei fazendo as coisas que outros fariam ou gostariam que eu fizesse. E não irei me arrepender dos momentos que ainda estão por vir.

A vida não é curta de mais, ela é “todo o tempo que precisamos”. Nada de mais, nada de menos. Não tenho pressa para chegar aonde eu quero.

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Overfluxo inspirado por:
“Tout Doucement”, de Leslie Feist.

2 comentários:

Anônimo disse...

Feist é tudo de bom! *o*~

Liene disse...

Atualiza sem eu comentar sim. =x

Enfim, concordo e compartilho a natureza.

Doce e raro.