segunda-feira, julho 30, 2007

Ingmar Bergman e seus morangos silvestres

“Bergman é talvez o único gênio do cinema vivo hoje.” – Woody Allen, o meu gênio do cinema predileto.

“Eu acredito que Bergman, Di Sicca e Fellini são os únicos três cineastas no mundo que não são só oportunistas artísticos. Com isso, eu quero dizer que eles não apenas sentam e esperam uma boa história surgir e então a filmam. Eles possuem um ponto de vista que é expresso várias e várias vezes em seus filmes, e eles próprios escrevem ou tem um material original escrito para eles.” – Stanley Kubrick, o gênio “modesto” do cinema.

“Cinema não é um trabalho de equipe. O diretor está só diante de uma página em branco. Para Bergman, estar só é se fazer perguntas; filmar é encontrar as respostas.” – Jean Luc Godard, o gênio do cinema que Bergman considerava vazio e tedioso.

Acho válida a menção e um luto comedido em respeito à morte do diretor de cinema Ingmar Bergman. Não tenho a pretensão de fazer um post competente a respeito do homem por simples e mera incapacidade intelectual. Mas como cinéfilo, me reservo ao direito de fazer uma dissertação breve sobre a forma como enxergo a sua obra e um pouco de sua vida.

Ingmar Bergman é talvez um dos últimos filósofos do cinema a falecerem. Seus filmes sempre lidaram com as questões mais profundas dos seres humanos – questionando com uma abordagem muitas vezes sofrida e melancólica as grandes questões universais, tristeza essa que acabou se mesclando com a percepção do público sobre a Suécia, seu país de origem e local da maioria de suas filmagens. Bergman, dizia de forma irônica e evasiva, que buscava contar em seus filmes a verdade sobre a condição humana, a verdade como ele via.

Bergman lidava bem com seus atores – eram amigos, produziam juntos todo tempo, e o diretor permitia que se improvisassem quando necessário. Diz-se que no fim de sua carreira ele parou de escrever diálogos – apenas o conceito da discussão era suficiente, e então deixava que os atores desenvolvessem. Foi um dos últimos cineastas autorais de verdade, cinema autoral, esse, que vem definhando cada vez mais nos últimos anos. Amigo íntimo de Fellini, admirador de Kurosawa e Truffaut, crítico de Orson Welles, Godard e Buñuel, até o fim de seus dias, Ingmar Bergman foi ligado ao cinema e ao teatro, elogiando o trabalho de diretores como Spielberg, Scorsese e Soderbergh.

No fim de sua carreira, chegou a dizer que gostava de dois ou três filmes que fez, mas que não conseguia assistir aos outros por considerá-los depressivos. Foi talvez o primeiro cineasta a relacionar diretamente música e cinema. Para ele, música era a sua maior inspiração, e ele acreditava que o cinema era a forma de arte mais similar à mesma – ambas lidavam com a emoção e ritmo, e não com o intelecto.

Constam em seu currículo filmes como Fanny e Alexandre, O Sétimo Selo, Morangos Silvestres, O Silêncio e O Ovo da Serpente, três ou mais “Oscar” de filmes estrangeiros, uma dezena de outros filmes e prêmios, cinco esposas, nove filhos e uma legião de fãs.

Minha frase favorita, atribuída a Bergman, é:

“Eu jogo uma lança no escuro. Isso é intuição. Então eu devo mandar um exército para dentro da escuridão buscá-la. Isso é intelecto.”

Fica a modesta menção.

3 comentários:

- Morgana disse...

Damn, eu não conhecia muito dele, mas assisti Morangos Silvestres 8). É uma pena. Meu comentário não vai render muito, pois,como dito, eu não o conhecia. Mas os gênios sempre vão cedo demais.

.

Amém \o\

Anônimo disse...

Olha só o Ingmar Bergman aí, gente. XD
Agora muito papo seu está explicado. >=P

Nhé... tem gente muito boa que devia viver eternamente. Se bem que esses acontecimentos marcam bastante pra quem tem um carinho especial... e fica pra sempre no coração... levando adiante uma história muito legal como essa que você contou.

Os filmes, pela pequena sinopse que você deu, parecem bem bizarros. XD
Well... chega. XD
=*

Liene disse...

Esse blog não atualiza se eu não comentar?

Caramba.